Tuesday, July 17, 2007

Comprar livros Pedir livros

Há um vício que tomou conta de todos aqueles que fundam uma biblioteca: pedir livros para as editoras. Uma empreiteira que constrói estradas de rodagem, uma companhia telefônica com número razoável de funcionários e estagiários, uma faculdade da rede particular, por exemplo, contratam uma bibliotecária. Instalam-lhe salas, computadores, estantes, mesas, cadeiras, vasos de flores e objetos afins. Porém, na hora de preencher as estantes não há verbas para a aquisição de livros. Mandam então e-mails para as editoras pedindo livros. Editores não pagam gráficas, autores não recebem direitos autorais, ilustradores desenham de graça, revisores brincam de corrigir, vendedores não precisam de suas comissões, o departamento de marketing trabalha por lazer, como é que fazemos? Estou aqui para colocar em discussão esse mau costume da pedição de livros: vamos dizer não, parar com isso. Livros são para serem comprados, nas livrarias, de preferência. E nas livrarias da própria cidade onde a instituição ou empresa instalou sua biblioteca pública ou privada.



"Nos Estados Unidos Unidos as bibliotecas públicas e privadas compram 30% dos livros produzidos pelos editores, no Brasil, compram apenas 1% da produção editorial."



As bibliotecárias contratadas devem entender que precisam de verbas para comprar livros, verbas reservadas pelas empresas que as empregam. Agora, nós, editores, pediremos linhas telefônicas de graça?, veículos para a indústria automobilística? Que as empreiteiras nos abram estradinhas em nossos sítios?



COMPREM LIVROS, O CONSUMO NECESSÁRIO. É preciso disseminar o hábito de comprar livros. Na hora de preencher suas estantes, ó ricos empreiteiros, ó companhias todas, senhoras faculdades particulares, dêem verbas para a aquisição de livros. Façam dotações para os livros em seus orçamentos.O livro é protagonista, não os móveis. Livros e computadores devem andar juntos, por recomendação do próprio Bill Gates.

Sunday, July 15, 2007

Fui ao Cole

Fui ao Cole, o evento da Associação de Leitura do Brasil, ocorrido no Ginásio Multidisciplinar da Unicamp. Vi pessoas vindas de todo o Brasil em busca de um certfificado ou do saber? Muitas conversavam durante as palestras, ou entravam e saíam enquanto os conferencistas falavam. Serão os professores em eterna adolescência?

O evento bem organizado atraindo um público bem grande. A imprensa presente, redes de televisão. Exposição de livros. Todos pediam descontos aos editores. Um contasenso, quando os estandes são caríssimos, com o metro quadrado proibitivo, se pedimos descontos, ninguém obteve. Estão assim os eventos universitários. A indústria dos estandes chegou lá, cobram como uma bienal para montagem em tempo restrito para um público restrito, embora focado em determinada área. (Mas cada bienal envolve o país, todos os públicos, envolve a presença de outros países.) No Cole, a Leitura. Uma boa feira de leitura tem de ter como protagonista o livro, não pode ser o estande o personagem principal. Neste ponto, a Primavera dos Livros é a grande novidade, estandes iguais para todos, o livro é o protagonista.

Senti falta na indicação de livros. Pensa-se muito pedagogicamente a leitura, mas o importante é a literatura. A boa leitura inicia-se com a literatura. A degustação de um bom livro de um bom autor. Neste quesito e em nenhum quesito eu acredito que o mundo possa ser dos espertos, que escrevem qualquer livrinho e desrespeitam Manuel Bandeira ou sequer leram os clássicos. O que sinto falta: a indicação de bons livros de literatura para essa massa de pessoas que acorre de todo o país. Deveria haver no bom jornal que distribuíram a indicação das obras literárias que seriam levadas ao Cole. A leitura passa primeiro pela Literatura. Tudo o mais vem a seguir, por natural acréscimo.

Será preciso noticiar que livros estarão sendo expostos, sobretudo as obras literárias. O que se escreve sobre o sobre do sobre do sobre é menos importante, pois precisamos de originalidade além do trocar em miúdos as grandes teorias dos maiores teóricos. Degustar boas obras literárias. E que sejam indicadas pelos formadores de opinião que muito bem organizam o Cole. Esqueçam a indústria dos estandes e inovem como a Primavera dos Livros inovou.