Monday, March 23, 2009

Eu faço livros como quem morre

Parodiando Manuel Bandeira: "Eu faço versos como quem morre"

Eu faço livros como quem morre.

Mas estou viva. Mais viva fico quando o livro sai do prelo. Livros como seres vivos é o slogan da Musa. O livro sai do prelo e é um ser vivo.

Está saindo "Artemídia e Cultura Digital" que inaugura a também coleção da Musa, dentro da Biblioteca Aula, Musa Artemídia e Cultura Digital. Tenho muito a falar sobre este livro. E começo a anunciar agora.

Estou preocupada é com a espera, com o descompasso a que somos submetidos, entramos em programas de governo, fazemos livros para entregar aos programas governamentais da Cultura, e o agendamento das entregas é adiado, parcelado, enquanto tivemos de fazer os livros na totalidade, pois fazer em pequenas tiragens geraria custo inviável. Entramos em descompasso, desequilíbrio, aguardando os pagamentos da área da cultura contingenciados pelo executivo nacional e as gráficas querem receber, não?

SOS Cultura, bom título de uma matéria do Estadão.

O ministro Juca Ferreira começa a ouvir os editores. Mas precisa ouvir também não somente no que tange à Lei Rouanet, mas à execução dos programas, o Mais Cultura, por exemplo, sem adiamentos de agenda, sem possíveis contingenciamentos de verbas. Afinal, as gráficas nos financiam ou financiamos a edição com nosso nenhum dinheiro. Os livros ficam prontos e esperam. É um milagre.

"A vida é um milagre" Outro verso de Manuel Bandeira. Mas eu prefiro:

Eu faço livros como quem morre.

Não consigo escrever, comentar o que preciso agora, porque a pressão é medonha. Precisam ouvir os editores. Prestigiar o livro, a vida do livro, prestigiando mesmo os editores, libertando-os das regras de cada gincana medonha. Odeio gincanas e apostilas que roubam o conteúdo dos livros para destroçá-los e fazer o gozo monetário dos espertos e mastigadores da mediocridade.

Meu mundo não é o mundo dos espertos.

Eu faço livros como quem morre. Para ficar viva.