Saturday, December 02, 2006

Dezembro 2006

Querem matar a Musa. Querem roubar minha casa. No princípio emudeci. Agora me levanto. Em meio a essa multidão que ama dezembro, eu não amo. Gostaria de amar dezembro e sua ansiedade multicolorida, agravada pela febre tropical.

Busco sim a Alegria. É o que eu quero, aquela palavra dos pastores, surpreendidos pela estrela na noite escura e impelidos pela mensagem do Anjo, "Não temais! Eis que eu vos anuncio uma grande alegria que será para todo o povo", eles disseram: "Vamos já a Belém e vejamos o que aconteceu, o que o Senhor nos deu a conhecer". Encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura.

O mais alegre é fazer um presépio neste Natal. Eu quero uma árvore e adorar o Menino Jesus. Quero tempo para parar, quero trégua, pois a rotina me persegue, a grande máquina diuturna crava-me os dentes, eu apenas quero um tempo no jogo, quero ficar longe da gincana burocrática, prefiro a Noite ao dia, desde que me tornei empresária. Editora de livros.

Sem o Menino Jesus, ele sempre nasce, nada posso fazer. Humildemente também quero fazer parte de dezembro, amar dezembro. No dia 17 de dezembro, numa semana de chuva, eu dei o meu primeiro beijo. Havia um redemoinho em meu corpo e o namoradinho me fazia versos assustadores. Porque ele dizia que me amava, que eu era linda e eu não sabia. Então íamos ao cinema todos os dias. No dia 21 de dezembro, minha avó Ana, que se chamava Ana Joaquina, que tinha irmãs chamadas Olívia, Júlia, Andrelina, Geraldina, Benedita, no dia 21 de dezembro ela morreu. Meu avô ficou 20 anos viúvo. Eu ainda invoco minha avó. Foi meu primeiro vazio. Hoje ainda a chamo, juntamente com os outros meus mortos, Joyce consagrou os dele, para me livrar do horror.

Que eu possa vencer tantos perseguidores, entre eles, os invejosos, nem acreditava nessas "erupções do inferno",são reais, para mim e para tantos. E os que nos amam. O que eles nos prepararam além dessa Paixão? Passagens para a Ressurreição?

Mas eu insisto em "tomar alegria", como Manuel Bandeira. Feliz Natal para todos! Feliz Ano Novo!

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

As coisas se acumulam, e é preciso exprimi-las, expeli-las.

O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Que tudo agora se assente e se perverta em alegria!

Beijos,
Diego

7:11 AM  

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