Sunday, May 20, 2007

Sou poeta,sim.

Estava diante da minha gerente em um banco público (Caixa Econômica Federal), em companhia da minha jovem e juvenilíssima advogada. Eu bem argumentava para nada (bons argumentos não me trouxeram soluções, mas de cada vez uma ação punitiva, um tiro nas costas), ou melhor, "atirava pérolas aos porcos". Um mau costume do qual preciso me corrigir, precisamos nos corrigir. (Parênteses: abri a minha escrivaninha para uma cobra. Tive um sonho, foi um pesadelo: "havia uma cobra na escrivaninha". Acordei apavorada, não quero mais ser supersticiosa. Mas a intuição medonha foi mais persistente e eis outra "erupção do inferno" explodindo daquela autora, o tipo para o qual jamais devemos abrir o nosso catálogo, nem mesmo acolher com gentileza, o tipo para o qual devemos rezar a Deus para nos dar a intuição de dispensar no primeiro encontro.) Estava pois argumentando, aliás me prevenindo diante da gerente, para que a inteligência negocial prevalecesse, e eu pudesse tocar os meus projetos sem as ameaças costumeiras. Eis que minha advogada me interrompe, fagueira: "Mas a Ana Cândida é uma poeta." Na hora, reagi, que poeta nada, sou mulher de negócios. Na verdade, diante de respostas predatórias, no falar e sobretudo no agir, de deslealdades e mentiras, tenho de afirmar: "Sou poeta, sim." A poesia é o único meio de você transfigurar o horror mesmo para aqueles que nunca lerão ou entenderão seu poema.

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