Avon vende livros porta a porta Ilustrada de hoje
Avon vende livros porta a porta, "ding dong", matéria de Marcos Strecker, ficamos sabendo na Ilustrada de Hoje, Folha de S. Paulo. Aparentemente uma boa notícia.
Não é propriamente uma boa notícia. Apesar de parecer. Não são levados às leitoras que cuidam da face e do corpo os necessários e desprezados livros de fundo de catálogo, os longsellers, expressão usada pela nova presidente da Libre -Liga Brasileira de Editoras (independentes), Cristina Warth, combatente internacional pela leitura de bons livros.
A Avon está chovendo no molhado, praticando o nivelamento por baixo, prefiro dizer o nivelamento néscio, que cultiva apenas o mediano facilitário. Faria melhor se não se fixasse nos best-sellers, os únicos livros que frequentam as livrarias do interior. Os filhos das senhoras donas de casa precisam ler os clássicos, saber que existem, além das adaptações e das capas berrantes, autêntica literatura. Literatura de verdade pode sim dar prazer de leitura. E abrir para a consciência do mundo os filhos e as próprias consumidoras Avon.
Uma vez fui a uma feira de livros em Goiás. Os livros da Musa foram muito bem recebidos. Dividimos o estande e o quarto de hotel a Oficina de Textos (Shoshana Signer) e a Musa ( e eu). A presença de editores no estande sempre faz sucesso, por isso a Primavera dos livros insiste nessa prática. Também recebemos o convite, pós-feira, para irmos visitar um depósito de uma Distribuidora de Livros porta a porta. Muito simpática e necessária a venda porta a porta. Não basta a simpatia. Nossos livros, salvo um Dicionário de espanhol da Oficina de Textos não cabiam no interesse da distribuidora. Pois o espetáculo eram obras infantis berrantes, com conteúdo discutível e ralo, capas forradas de purpurina e arames com arminho de pintinho tingido de rosa choque. ´Mesmo quando se reúnem professores do Brasil, em respeitáveis congressos de promoção da leitura, lá estão os estandes de livros-quinquilharia, caixas promocionais de caixinha, em que os professores e os contadores de historinhas enchem sacolas e se esquecem de comprar aquele único livro (e há únicos livros de bom texto em estandes de todas as boas editoras que valem por mil quinquilharias). POr pragmatismo financeiro, a indústria dos estandes acolhe em seus congressos de promoção da boa leitura as quinquilharias que atrapalham a visão dos bons livros. Por isso prefiro as mesas, as bancadas em que ficamos como "peixeiros", com seus livros na mesa. Livros na mesa é o título de um livro do Otto Maria Carpeaux. Bons livros na mesa, muito além do óbvio, deveria ser preocupação da Avon com relação às suas consumidoras. Pensar nos filhos dela. Infelizmente marketeiros generalizados se pautam pela aparência.
E é bom diferenciar: Contadores de histórias de verdade não são ledores de historinhas. Também percebi no Congreso, ledoras consumindo quinquilharias e não levando bons livros com conteúdo verdadeiramente literário para lerem para os alunos. Todo mundo quer ser modelo, todas as meninas professoras querem ser contadoras de histórias, mas do que vale promover a intoxicação com a guloseima das historinhas? Uma sabotagem à nutrição do espírito, da mente infantil e da geração da consciência necessária. Cultivar a sensibilidade
Que a Avon se conscientize, mais que dos bons negócios somente, é preciso diversificar, fornecer histórias de verdade, livros de verdade, conteúdo de primeira linha, para que as mães consumidoras de produtos Avon possam ler para seus filhos. Possam ler elas mesmas, além do óbvio total. A bibliodiversidade, não apenas chover no molhado com best-sellers.
Celular atingiu o pós-consumo (em matéria no Folhateen, de ontem)uma menina pobre já possui três aparelhos). O bom livro ainda está na era do pré-consumo. Chega de enganações. Só vou celebrar a Avon quando ela for desbravadora de novos caminhos, com iniciativas além do óbvio. A ideia é boa, mas que vá além do vício das livrarias e franquias que exibem o mesmo mix dos mesmos títulos empilhados em repetitivas vitrines. Cada livraria deveria ser algo inédito.
Precisamos praticar o que nos ensinou Caetano Veloso na sua frase viva: "Luxo para todos" também na terra do livro. Monteiro Lobato mandava bons livros para casas de secos e molhados no interior do Brasil. Por que celebrar a venda de arminho de pintinho pintado de rosa choque?
Não é propriamente uma boa notícia. Apesar de parecer. Não são levados às leitoras que cuidam da face e do corpo os necessários e desprezados livros de fundo de catálogo, os longsellers, expressão usada pela nova presidente da Libre -Liga Brasileira de Editoras (independentes), Cristina Warth, combatente internacional pela leitura de bons livros.
A Avon está chovendo no molhado, praticando o nivelamento por baixo, prefiro dizer o nivelamento néscio, que cultiva apenas o mediano facilitário. Faria melhor se não se fixasse nos best-sellers, os únicos livros que frequentam as livrarias do interior. Os filhos das senhoras donas de casa precisam ler os clássicos, saber que existem, além das adaptações e das capas berrantes, autêntica literatura. Literatura de verdade pode sim dar prazer de leitura. E abrir para a consciência do mundo os filhos e as próprias consumidoras Avon.
Uma vez fui a uma feira de livros em Goiás. Os livros da Musa foram muito bem recebidos. Dividimos o estande e o quarto de hotel a Oficina de Textos (Shoshana Signer) e a Musa ( e eu). A presença de editores no estande sempre faz sucesso, por isso a Primavera dos livros insiste nessa prática. Também recebemos o convite, pós-feira, para irmos visitar um depósito de uma Distribuidora de Livros porta a porta. Muito simpática e necessária a venda porta a porta. Não basta a simpatia. Nossos livros, salvo um Dicionário de espanhol da Oficina de Textos não cabiam no interesse da distribuidora. Pois o espetáculo eram obras infantis berrantes, com conteúdo discutível e ralo, capas forradas de purpurina e arames com arminho de pintinho tingido de rosa choque. ´Mesmo quando se reúnem professores do Brasil, em respeitáveis congressos de promoção da leitura, lá estão os estandes de livros-quinquilharia, caixas promocionais de caixinha, em que os professores e os contadores de historinhas enchem sacolas e se esquecem de comprar aquele único livro (e há únicos livros de bom texto em estandes de todas as boas editoras que valem por mil quinquilharias). POr pragmatismo financeiro, a indústria dos estandes acolhe em seus congressos de promoção da boa leitura as quinquilharias que atrapalham a visão dos bons livros. Por isso prefiro as mesas, as bancadas em que ficamos como "peixeiros", com seus livros na mesa. Livros na mesa é o título de um livro do Otto Maria Carpeaux. Bons livros na mesa, muito além do óbvio, deveria ser preocupação da Avon com relação às suas consumidoras. Pensar nos filhos dela. Infelizmente marketeiros generalizados se pautam pela aparência.
E é bom diferenciar: Contadores de histórias de verdade não são ledores de historinhas. Também percebi no Congreso, ledoras consumindo quinquilharias e não levando bons livros com conteúdo verdadeiramente literário para lerem para os alunos. Todo mundo quer ser modelo, todas as meninas professoras querem ser contadoras de histórias, mas do que vale promover a intoxicação com a guloseima das historinhas? Uma sabotagem à nutrição do espírito, da mente infantil e da geração da consciência necessária. Cultivar a sensibilidade
Que a Avon se conscientize, mais que dos bons negócios somente, é preciso diversificar, fornecer histórias de verdade, livros de verdade, conteúdo de primeira linha, para que as mães consumidoras de produtos Avon possam ler para seus filhos. Possam ler elas mesmas, além do óbvio total. A bibliodiversidade, não apenas chover no molhado com best-sellers.
Celular atingiu o pós-consumo (em matéria no Folhateen, de ontem)uma menina pobre já possui três aparelhos). O bom livro ainda está na era do pré-consumo. Chega de enganações. Só vou celebrar a Avon quando ela for desbravadora de novos caminhos, com iniciativas além do óbvio. A ideia é boa, mas que vá além do vício das livrarias e franquias que exibem o mesmo mix dos mesmos títulos empilhados em repetitivas vitrines. Cada livraria deveria ser algo inédito.
Precisamos praticar o que nos ensinou Caetano Veloso na sua frase viva: "Luxo para todos" também na terra do livro. Monteiro Lobato mandava bons livros para casas de secos e molhados no interior do Brasil. Por que celebrar a venda de arminho de pintinho pintado de rosa choque?
0 Comments:
Post a Comment
<< Home