O governo não entende o mundo do livro A imprensa não entende o mundo do livro
O governo não entende o mundo do livro. A imprensa não entende o mundo do livro. É preciso ouvir a todos, grandes e pequenos, sobretudo as editoras independentes, grandes e pequenas.
Fazer livros implica necessariamente vender livros. Fazer livros. Vender livros. Uma obrigação com o público. Fazer livros traz implícita a responsabilidade de criar público para o livro editado. Porque chover no molhado é uma prerrogativa dos editores de demanda. Os editores de criação, estes sim transformam o mercado, com suas publicações na contracorrente da ditadura do mercado. O consumo do néscio, sem criticidade. Mas meu assunto aqui interage com isso, mas não é propriamente isto.
O governo não entende o mundo do livro. A imprensa não entende o mundo do livro. Porque pescam pelas beiradas. O governo simplesmente ignora as dificuldades dos editores, criando-lhes armadilhas com apelos de boa vontade. O programa "Mais Cultura" (do MinC, por exemplo, tem uma meta para distribuir 2.500 exemplares dos títulos selecionados para as bibliotecas públicas. Por contingenciamento de verbas, a entrega é dividida em pequenas partes. Se o editor fizer 300 livros, vai ter de pagar tão caro como se fizesse de uma vez os 2.500 exemplares. Então o editor opta por fazer os 2.500 exemplares. Mas a gráfica não perdoa tamanha espera. Falam que, com a desoneração fiscal do Pis e do Cofins, os livros deveriam estar mais baratos. Como, se temos de financiar, com as consignações, desde as grandes livrarias (salvo exceções) até as gráficas que sobem seus preços como querem? Os editores optantes pelo Simples não foram favorecidos com a desoneração do Pis e Cofins, acabam pagando mais. Em geral, os editores mantêm os preços dos livros. A conquista do equilíbrio nas interações promoverá a viabilidade do negócio editorial, trará mais bons livros, barateará os preços. A punição pela escolha do ofício relevante pune a todos, trava com outros fatores a educação e a cultura, ou melhor, a cultura de volta à educação. A universidade já se preocupa com o multiletramento, não apenas o letramento apenas instrumental. Afinal, que bela frase, como gostei de ouvi-la e quero sempre repeti-la: "Tornamo-nos analfabetos na cultura ocidental". O que não exclui o apreço pelo Oriente, incluir as outras culturas não significa excluir a nossa própria cultura, a memória dela, queimar nosso berço, mesmo que se torne um retrato na parede e doa.
Existe um desequilíbrio na cadeia gráfico-editorial-governo-distribuidores-livrarias que precisa ser atacado, criando-se o equilíbrio, o que é verdadeiro bom negócio para todas as partes, incluindo o público, que tem de ser ampliado, ainda "em termos de posteridade" (citação de uma expressão de Antonio Candido, em Literatura e Sociedade, em um capítulo sobre o público).
Leio jornais todos os dias, mas as matérias sobre mercado editorial, ainda estão parcialíssimas.
É uma obrigação da boa imprensa aprofundá-las. E é obrigação do governo, não criar facilidades, mas viabilidade econômica para as vocações editoriais de ponta, em geral pequenos editores, que abrem estradas e têm seus carros encravados por práticas equivocadas e informações truncadas. Melhor, desinformações generalizadas. Quando a imprensa irá fundo no assunto? A imprensa, quando se torna porta-voz dos problemas do livro leva o governo a refletir. E a aprimorar as regras, como ocorreu com as compras do MEC-FNDE, abandonando o modelo de obras por encomenda para alimentar o programa "Literatura em Minha Casa", uma distorção contra as obras literárias pelo fato de oficiar receitas que levavam ao facilitário e ao truncamento de obras clássicas, premiando o poder econômico, e tirando o direito de o público escolar saborear as obras de catálogo. O MEC, bom ouvinte, ouviu, e os livros de catálogo podem até alimentar uma nova versão do Literatura em Minha Casa. O Caderno 2 do Estadão foi fundamental para que essa discussão fosse desencadeada, em matéria produzida pelo hoje integrante do UOL, Haroldo Ceravolo Sereza. Foram ouvidos os pequenos editores e , a partir dessa antológica matéria, as obras de catálogo foram recuperadas para compor o acervo do PNBE -- Programa Nacional Biblioteca da Escola. Programa exemplar, suprapartidário, mas que naturalmente pode ser estimulado por políticos com olhos de justiça cultural, que contemplem todos os atores da cadeia do livro. Não se precisa dizer que os desdobramentos daquela matéria do Caderno 2 do Estadão beneficiam os atores da Cadeia do livro até hoje, pois as reflexões decorrentes continuam movendo-se. Reforço, a questão do livro é e será sempre suprapartidária.
Precisamos repetir: fazemos livros para a continuidade. Não para o Cria cuervos. Maravilhosas são as ferramentas tecnológicas, para editar e vender livros, mas elas por si só não fazem de seu mero uso amador um editor, um designer, todos os ofícios afins que interagem na produção de um livro. Na hora de buscar o público, precisamos de aliados, não do desperdício inútil de energias em esperas inúteis, combates inúteis . Justamente por causa dos que deveriam apoiar a economia do livro, conhecendo-a a fundo, não pelas beiradas. Não somos um mingauzinho.
Audiolivro, e-book, livro de papel, livro de pano, todas as plataformas de leitura, o livro encontra-se ainda na era do pré-consumo. Cabe a todos os atores que interagem na cadeia do livro, criar público. Fazer público. Governo e imprensa, que se informem melhor, há fontes.
Fazer livros implica necessariamente vender livros. Fazer livros. Vender livros. Uma obrigação com o público. Fazer livros traz implícita a responsabilidade de criar público para o livro editado. Porque chover no molhado é uma prerrogativa dos editores de demanda. Os editores de criação, estes sim transformam o mercado, com suas publicações na contracorrente da ditadura do mercado. O consumo do néscio, sem criticidade. Mas meu assunto aqui interage com isso, mas não é propriamente isto.
O governo não entende o mundo do livro. A imprensa não entende o mundo do livro. Porque pescam pelas beiradas. O governo simplesmente ignora as dificuldades dos editores, criando-lhes armadilhas com apelos de boa vontade. O programa "Mais Cultura" (do MinC, por exemplo, tem uma meta para distribuir 2.500 exemplares dos títulos selecionados para as bibliotecas públicas. Por contingenciamento de verbas, a entrega é dividida em pequenas partes. Se o editor fizer 300 livros, vai ter de pagar tão caro como se fizesse de uma vez os 2.500 exemplares. Então o editor opta por fazer os 2.500 exemplares. Mas a gráfica não perdoa tamanha espera. Falam que, com a desoneração fiscal do Pis e do Cofins, os livros deveriam estar mais baratos. Como, se temos de financiar, com as consignações, desde as grandes livrarias (salvo exceções) até as gráficas que sobem seus preços como querem? Os editores optantes pelo Simples não foram favorecidos com a desoneração do Pis e Cofins, acabam pagando mais. Em geral, os editores mantêm os preços dos livros. A conquista do equilíbrio nas interações promoverá a viabilidade do negócio editorial, trará mais bons livros, barateará os preços. A punição pela escolha do ofício relevante pune a todos, trava com outros fatores a educação e a cultura, ou melhor, a cultura de volta à educação. A universidade já se preocupa com o multiletramento, não apenas o letramento apenas instrumental. Afinal, que bela frase, como gostei de ouvi-la e quero sempre repeti-la: "Tornamo-nos analfabetos na cultura ocidental". O que não exclui o apreço pelo Oriente, incluir as outras culturas não significa excluir a nossa própria cultura, a memória dela, queimar nosso berço, mesmo que se torne um retrato na parede e doa.
Existe um desequilíbrio na cadeia gráfico-editorial-governo-distribuidores-livrarias que precisa ser atacado, criando-se o equilíbrio, o que é verdadeiro bom negócio para todas as partes, incluindo o público, que tem de ser ampliado, ainda "em termos de posteridade" (citação de uma expressão de Antonio Candido, em Literatura e Sociedade, em um capítulo sobre o público).
Leio jornais todos os dias, mas as matérias sobre mercado editorial, ainda estão parcialíssimas.
É uma obrigação da boa imprensa aprofundá-las. E é obrigação do governo, não criar facilidades, mas viabilidade econômica para as vocações editoriais de ponta, em geral pequenos editores, que abrem estradas e têm seus carros encravados por práticas equivocadas e informações truncadas. Melhor, desinformações generalizadas. Quando a imprensa irá fundo no assunto? A imprensa, quando se torna porta-voz dos problemas do livro leva o governo a refletir. E a aprimorar as regras, como ocorreu com as compras do MEC-FNDE, abandonando o modelo de obras por encomenda para alimentar o programa "Literatura em Minha Casa", uma distorção contra as obras literárias pelo fato de oficiar receitas que levavam ao facilitário e ao truncamento de obras clássicas, premiando o poder econômico, e tirando o direito de o público escolar saborear as obras de catálogo. O MEC, bom ouvinte, ouviu, e os livros de catálogo podem até alimentar uma nova versão do Literatura em Minha Casa. O Caderno 2 do Estadão foi fundamental para que essa discussão fosse desencadeada, em matéria produzida pelo hoje integrante do UOL, Haroldo Ceravolo Sereza. Foram ouvidos os pequenos editores e , a partir dessa antológica matéria, as obras de catálogo foram recuperadas para compor o acervo do PNBE -- Programa Nacional Biblioteca da Escola. Programa exemplar, suprapartidário, mas que naturalmente pode ser estimulado por políticos com olhos de justiça cultural, que contemplem todos os atores da cadeia do livro. Não se precisa dizer que os desdobramentos daquela matéria do Caderno 2 do Estadão beneficiam os atores da Cadeia do livro até hoje, pois as reflexões decorrentes continuam movendo-se. Reforço, a questão do livro é e será sempre suprapartidária.
Precisamos repetir: fazemos livros para a continuidade. Não para o Cria cuervos. Maravilhosas são as ferramentas tecnológicas, para editar e vender livros, mas elas por si só não fazem de seu mero uso amador um editor, um designer, todos os ofícios afins que interagem na produção de um livro. Na hora de buscar o público, precisamos de aliados, não do desperdício inútil de energias em esperas inúteis, combates inúteis . Justamente por causa dos que deveriam apoiar a economia do livro, conhecendo-a a fundo, não pelas beiradas. Não somos um mingauzinho.
Audiolivro, e-book, livro de papel, livro de pano, todas as plataformas de leitura, o livro encontra-se ainda na era do pré-consumo. Cabe a todos os atores que interagem na cadeia do livro, criar público. Fazer público. Governo e imprensa, que se informem melhor, há fontes.
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