A miséria da classe média
Ler jornal para mim é rezar. É também rezar. Dia 6 de agosto, de manhã, leio que o lucro do Bradesco é astronômico. Os bancos estão lucrando como nunca. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal estão lucrando como nunca. O Banco do Brasil, por exemplo, está elevando suas tarifas a níveis exorbitantes, muito além da inflação, pelo simples capricho do lucro fácil, porque os percentuais de aumento são irreais, danosos para o cliente que precisa cobrar suas duplicatas. "Banqueiros" oficiais aperfeiçoam-se na rapina geral, criando mecanismos que tolhem toda negociação e espoliam a classe média, de forma a impedi-la de pagar suas dívidas. Apocalipse da classe média no Brasil, é o horror, o horror, Marlon Brando somos todos no filme antológico de Coppola baseado em "O coração das trevas", de Joseph Conrad. Dois exemplos: Hoje abro o site da Livraria Cultura e vejo o que nunca vi: "Todo o site em cinco vezes sem juros", frete grátis. Abrimos a porta do Espaço Musa, onde expomos livros de algumas Editoras da Libre e da Musa. Poucos entram, uma só pessoa compra.
No começo não era assim. Poucos usam o cartão de crédito. Muitos que usavam, estão evitando usar. Tudo virou armadilha, por mais que as pessoas se previnam. Neste bairro das Perdizes, de classe média média e classe média alta, as pessoas estão deixando de consumir o consumo necessário, não somente livros, compram menos no supermercado, poucas sacolas por vez. Os passantes conhecidos subindo a rua com pequenas sacolas, poucas compras.
Não é que as classes médias tenham perdido as necessidades. Estão acuadas pela política econômica que privilegia a espoliação geral. Pobres empresários, pobres livreiros, pobres nós todos, pobres trabalhadores do livro, pobres clientes que não podem satisfazer o seu desejo de levar para casa a boa companhia de um livro. Livros são boa companhia.
Quem está nos roubando isto e muito mais? A indecência geral dessa política econômica que persiste governo após governo. Vivemos sob normas ilegais, mesmo leis ilegais, viola-se a lei com a própria lei, a nossa miséria de classe média espoliada. Quando haverá olhos de justiça? Quando começaremos a gritar na rua? Não somente isso, agir com coragem e denunciar mediante todos os meios. Eu tenho o meu blog para dizer que não estou cansada, mas indignada de saber que aquelas pessoas que gostariam de usar seu cartão de crédito para comprar um livro na minha rua, não o fazem mais, pois têm medo. Estou tão indignada que do medo sou capaz de me levantar e enfrentar o dia deste tempo em que o sol se tornou escuro. "Minhas noites são manhãs", longe da máquina do dia. O dia-a-dia de uma guerra, como bem falou Hemingway em "Paris é uma festa". Ainda acho que fazer livro é uma festa. Deveria ser uma festa para todos, comprar livros ser uma festa para todos.
No começo não era assim. Poucos usam o cartão de crédito. Muitos que usavam, estão evitando usar. Tudo virou armadilha, por mais que as pessoas se previnam. Neste bairro das Perdizes, de classe média média e classe média alta, as pessoas estão deixando de consumir o consumo necessário, não somente livros, compram menos no supermercado, poucas sacolas por vez. Os passantes conhecidos subindo a rua com pequenas sacolas, poucas compras.
Não é que as classes médias tenham perdido as necessidades. Estão acuadas pela política econômica que privilegia a espoliação geral. Pobres empresários, pobres livreiros, pobres nós todos, pobres trabalhadores do livro, pobres clientes que não podem satisfazer o seu desejo de levar para casa a boa companhia de um livro. Livros são boa companhia.
Quem está nos roubando isto e muito mais? A indecência geral dessa política econômica que persiste governo após governo. Vivemos sob normas ilegais, mesmo leis ilegais, viola-se a lei com a própria lei, a nossa miséria de classe média espoliada. Quando haverá olhos de justiça? Quando começaremos a gritar na rua? Não somente isso, agir com coragem e denunciar mediante todos os meios. Eu tenho o meu blog para dizer que não estou cansada, mas indignada de saber que aquelas pessoas que gostariam de usar seu cartão de crédito para comprar um livro na minha rua, não o fazem mais, pois têm medo. Estou tão indignada que do medo sou capaz de me levantar e enfrentar o dia deste tempo em que o sol se tornou escuro. "Minhas noites são manhãs", longe da máquina do dia. O dia-a-dia de uma guerra, como bem falou Hemingway em "Paris é uma festa". Ainda acho que fazer livro é uma festa. Deveria ser uma festa para todos, comprar livros ser uma festa para todos.
3 Comments:
Bons tempos aqueles em que o necessario era o basico e o trivial era necessario. Hoje em dia, a cultura, o prazer e o intelecto ficaram para trás. Não mais existe preocupação em se ler, em se ver filmes, em escutar boa musica. Tudo tem que ser milimetricamente controlado, pouco dinheiro sobra, e infelizmente, o que sobra sempre tem outro destino. Mas do que o medo da população, temos a aceitação, a alienação. O povo se alienou com as propagandas, aceitou a nova beleza, concordou com os novos padrões. O povo parou de acreditar em si mesmo, e pouco se faz na reconquista desse acreditar.
Parabens pelo blog!
Continue com o bom trabalho.
tryow
Agradeço-lhe o comentário pertinente. É mesmo, pior que o medo é a aceitação, a alienação, que nos faz contentar com a renúncia à nossa própria humanidade, contida nos bens culturais que nos são sabotados ou roubados pela força bruta de uma economia que pune a parte esclarecida da sociedade, a classe média herdeira da boa formação cultural e que sempre contagiou os demais no melhor sentido. Até advogados acham que devemos nos curvar ao dragão que nos devora, como se a lei do mais forte pudesse nos dominar, sabotando direitos essenciais. Não renunciamos aos nossos direitos para que continuem nos espoliando. Temos de voltar a comprar bons livros, o consumo necessário. Temos o direito à boa música, em que gênero for, e assistir aos bons filmes. Esta privaçao da classe média agravada quando a macroeconomia é alvo de euforia (agora está havendo um terremoto nas bolsas)é o maior sinal da violação dos direitos nesse modelo imposto para generalizar a bárbárie. Um poeta chamado Eduardo Lemos, advogado, fazendeiro, enviou-me um belíssimo livro de poemas, lá está o verso que gostaria de ter escrito: "A falsa luz da traição". Para mim, este verso é uma redenção.
Perdão, citei errado o verso do poeta Fernando Lemos; O correto é "A traição da falsa luz." Não consegui corrigir. É a "falsa luz" que pode gerar a traição.
Ana Candocha
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