Sangue no prato
Hoje, posto um poema que publiquei em breviario.org, escrito em 2001, após ler uma notícia de jornal sobre pais que surraram bebês até a morte. Maus-tratos contra crianças. Maus-tratos em geral. Não importa o tema, importa o poema, que pode assumir as dores do mundo na sua forma sobre a página. Sem mais comentários. Aguardo os do leitores.
Sangue no prato
Esticar a corda, enforcados em toda parte Saímos
com nossos vestidos Tomamos banho
Porque a mulher resiste aos carrascos Seios
para amamentar os filhos Ameaçam cortá-los
Ocupada em desatar as cordas Amarrados
todos à nossa impossibilidade de comprarmos
pão para a visita Sangue na sala Armas
Pedágios obstruem a viagem Quero o poema
mais curvo Traduzindo um corpo
anelado por serpentes Desvencilhar-se
do medo que todos temos Culminante a fragilidade
de uma criança nascida entre escombros
que brinca Em casa trabalha Sem mimos
Sofre o amor rude e o insulto de nós todos
Eu que cantava beijos
Falo de sangue Na soleira
em toda porta Ameaçam-nos matar
Tirar nosso trabalho Sabotar o milho
Quero colher o sol, o céu
as pitangas e os botões se abrirão
flores no jardim ante janelas abertas
(2001)
Sangue no prato
Esticar a corda, enforcados em toda parte Saímos
com nossos vestidos Tomamos banho
Porque a mulher resiste aos carrascos Seios
para amamentar os filhos Ameaçam cortá-los
Ocupada em desatar as cordas Amarrados
todos à nossa impossibilidade de comprarmos
pão para a visita Sangue na sala Armas
Pedágios obstruem a viagem Quero o poema
mais curvo Traduzindo um corpo
anelado por serpentes Desvencilhar-se
do medo que todos temos Culminante a fragilidade
de uma criança nascida entre escombros
que brinca Em casa trabalha Sem mimos
Sofre o amor rude e o insulto de nós todos
Eu que cantava beijos
Falo de sangue Na soleira
em toda porta Ameaçam-nos matar
Tirar nosso trabalho Sabotar o milho
Quero colher o sol, o céu
as pitangas e os botões se abrirão
flores no jardim ante janelas abertas
(2001)
1 Comments:
cruélico.
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