Saturday, July 12, 2008

LIVROS CONTRA A BARBÁRIE Ser editor, hoje, e os males do telemarketing

Os callcenters e as empresas de telemarketing, quando nas mãos erradas (e a maioria é gerida por meio de práticas gangsteristas, de gângsteres) causam estragos à democracia, à convivência social, violam os mais comezinhos direitos do cidadão. Enquanto isto não for regulamentado, estaremos à mercê da irracionalidade mais tosca, da mentira, do insulto, do gatilho solto, e da total falta de discernimento.



O "dragão do telemarketing desvirtuado" não respeita ninguém, nenhuma atividade humana. Inclusive operadores do direito usam empresas de "assessoria" que operam o telemarketing por meio de golpes sujos em cima do cidadão. Promovem ações letais sobre as casas indefesas. Estou generalizando, mas é grave. Pretendo não usar telemarketing para promover os livros da Editora, por causa do incômodo e dos métodos abjetos, baseados em repetições mecânicas. Mas vou falar de uma exceção no atendimento ao cliente, que não é propriamente um sistema de telemarketing, mas de comunicação civilizada com o cliente.



É o UOL, o provedor de internet Universo Online. Seus atendentes são bem treinados, raciocinam, têm discernimento, encaminham, solucionam. Não falam além do necessário nem nos importunam com repetitivas respostas prontas. Se ligo para o UOL, saio satisfeita com o atendimento inteligente. É um exemplo. Quero agradecer.



Por que proliferam esses mundos ameaçadores como se fosse a normalidade de uma comunicação civilizada? Temos de sair dessa barbárie irracional e permissiva com o crime pelo telefone. É crime o que vêm fazendo com as pessoas e ninguém liga, o legislador não liga. Eu ligo. Ser editor, hoje, é insistir em fazer livros contra a barbárie, tomar as dores do mundo com a melhor literatura e tudo o mais que um bom livro pode conter. Não se deve praticar o telemarketing com o avesso da auto-ajuda, como fazem. O que nada ajuda são as matérias anódinas saídas na boa imprensa falando da expansão das empresas de telemarketing. A que preço? Somente a expansão não devemos celebrar. Este cuidado na avaliação crítica vale para qualquer atividade. Faz parte do crime o ufanismo simplório. Olhar direito, olhar com o direito. Porque os predadores a postos "vencem" em todas as atividades que não precisam ser abolidas (algumas que usam o instrumento precisam sim ser extintas), mas defendidas das práticas predatórias. Todos somos responsáveis. Os três poderes do governo são responsáveis. Não se pode deixar todo um povo refém de todas as práticas predatórias, em todas as instâncias, como se a falta sistêmica de civilidade e ética fosse progresso humano. Tudo se tornou diabólico para o cidadão de bem. É a decomposição do cotidiano pelos predadores mefistofélicos, agindo com total despudor, afrontando a todos. Atenção, deputados e senadores, que ainda pensam em leis justas para o país. Parai a degradação que nos traz o laissez-faire da violência encoberta pelo uso letal de práticas pseudolegais contra o povo brasileiro, que quer produzir para desenvolver-se. O mundo não é dos espertos. O mundo é nosso, de todos.

Essa expansão do telemarketing deveria ser acompanhada do bom uso do instrumento, sem violar os direitos básicos da cidadania, sem violar a racionalidade do homem, ou agora precisamos recorrer ao direito dos animais, como Sobral Pinto o fez para defender Prestes de seus algozes? Os algozes do telemarketing assombram o cotidiano do brasileiro. E não é um exagero. Regulamentação, já. Inteligência, sempre. Parabéns ao UOL.

Dispenso todas as respostas protocolares, defendendo o indefensável, as armas do uso desvirtuado do instrumento telemarketing. Irracionalidade, mecanicidade, falta de discernimento. Entramos no "coração das trevas".

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