Bibliotecas sem livros Ser editor, hoje
Sent: Sunday, October 19, 2008 10:14 PM
Subject: Biblioteca Nacional de Brasília
Colegas, vejam a notícia que já está circulando no Rio. Pena que a classe bibliotecária e o povo de Brasília não foi ouvido. Mas, ainda há tempo vamos nos unir e comparecer a audiência pública do dia 23/10, às 9h, na Câmara Legislativa. Chegou a hora de sermos ouvidos. Aos que desejam comparecer informo que existe um estacionamento grande após a entrada principal da CL. Vamos lá! Iza
DEU NO “O GLOBO”
Este foi o e-mail que recebemos na rede da Libre -- Liga Brasileira de Editoras, enviado pela nossa colega Isa, da Editora Briquet de Lemos, que trata de uma matéria saída em "O Globo" intitulada "Biblioteca sem livros". Coloquei no título deste post o plural, Bibliotecas sem livros, porque não é caso isolado, embora o mais espetacular. Leiam abaixo,após estes comentários, a reprodução da matéria de "O Globo". Ninguém comentou nada na rede, nenhuma editora da Libre. Eu não quis comentar na rede da Libre. Prefiro dar um destaque aqui para o que a Isa nos enviou e precisa ser enfatizado e divulgado. A matéria de "O Globo" fala por si. Mas pecisamos dizer que há uma febre de construir prédios, comprar estantes e mobiliários, instalar computadores, mas não fazem nenhuma dotação para livros. Esquecem-se de que existe uma economia do livro, não pedimos que amem os livros, mas que respeitem os negócios do livro, as pessoas que vivem do livro. E dão tudo para que um livro seja publicado. Dão a própria vida e o próprio dinheiro. Há uma cadeia de profissionais com vida a sustentar. Na verdade, a maioria dos editores perdem a vida pelos livros. Não queremos ser avaliados por critérios estatísticos meramente quantitativos, e isto parece a face construída do mercado editorial. Um monstro de muitas caras. Por isso dizemos ao Globo, esta pauta é ponto de partida para muitas outras pautas. A primeira, decorrente desta: Por que, desde grandes empresas, bancos, estados e municípios, pensam que livros são feitos para serem doados. Vivemos na época do pré-consumo do livro, comprar livros, o consumo necessário. Querem revitalizar a indústria editorial? Comprem livros, com isonomia, não apenas de uns poucos. Não bastam os programas governamentais, precisamos do incentivo às empresas para que comprem livros para suas bibliotecas. Contratam até funcionários para mandar cartas às editoras solicitando livros, (aos pequenos, médios e grandes editores). Empresas de grande porte, construtoras de rodovias e pessoas abnegadas nos pedem livros com eloqüencia sentimental. Eu fiz a frase, "Comprar livros, o consumo necessário". Aperfeiçoei para "Comprar livros, o gosto necessário", mais que hábito, bom gosto. Comprar livros, o bom gosto necessário. Faz parte das terapias alternativas.
Sugiro ao "O Globo" esta pauta, mais outra, que é também imediata: "Verbas de custeio para as editoras", como as há para as safras agrícolas. Se as pequenas editoras recebem grande encomenda, dê a elas, que ousaram investir sua vida em publicar bons livros, a verba de custeio. Um adiantamento nos programas, para que possam pagar gráficas à vista, em menor preço. Sim, verbas de custeio para o livro.
Outra sugestão de pauta: O FNDE-MEC --, no PNBE -- Programa Nacional Biblioteca da Escola, ao ouvir a cada ano o que dizem sobretudo as editoras independentes, teve a sensibilidade de aprimorar seus editais em várias cláusulas que apenas serviam para amarrar burocraticamente a participação democrática de livros e editoras. Em um dos aperfeiçoamentos, não contemplou a reciprocidade: colocou um teto para inscrição, mas se esqueceu da contrapartida: não estabeleceu o teto para participação de cada editora em cada acervo selecionado. E as distorções estão aí no PNBE-2009, concentração de títulos em grupos editoriais e casas isoladas. O que deve haver é uma multiplicação de programas, gerando escoamento para a produção editorial com demanda maior que ela em todo o país. Se empresários querem montar bibliotecas, façam dotações, comprem livros e peçam Nota Fiscal às Editoras. E desburocratizar.
Carlos Guilherme Mota de volta, com sua "História do Brasil". Saiu no Estadão de domingo. E lá está o fecho para o meu post, ele fala que políticas de inclusão não bastam se não formamos um grande sociedade civil. Realmente, estamos falando de inclusão de leitores, mas precisamos refletir e nos agregar a um projeto de sociedade consciente das nossas liberdades e direitos, porque o sentimentalismo sem sensibilidade não está com nada. Isto fazemos com boa leitura, bons livros matando a fome de ser. Ter livros é ser. Enfim a matéria enviada pela Isa, da Briquet de Lemos (Ah! Nem foi matéria de O Globo, foi coluna de Elio Gaspari, publicada também na Folha de S. Paulo):
Biblioteca sem livros
● Circula no comissariado cultural de Brasília uma
proposta de criação, na cidade, de uma “Biblioteca
Nacional de Ciência e Tecnologia, Inovação e Inclusão
Social e Digital”. Nome pomposo para uma girafa.
Logo em Brasília, único lugar no mundo onde existe
uma biblioteca com 10 mil metros quadrados construídos
ao preço de R$ 42 milhões, com 14 funcionários,
inaugurada duas vezes. Uma beleza, mas nela não há livros
para consulta pela patuléia. Tamanha excentricidade deveria
fazer parte do roteiro turístico da capital: “Aqui uma biblioteca
sem livros”.
Desde a fundação da cidade espera-se que Brasília tenha
uma biblioteca pública com acervo de interesse geral, capaz
de funcionar como o centro de uma rede de oferta de livros.
Havendo o prédio, seria natural que se respeitasse a idéia
original. Em vez disso, apareceu a proposta de se trocar a criação
de uma “Biblioteca Nacional de Brasília” por um projeto de
pretensão retórica e alcance limitado. A girafa vem com um
palavratório: “A implantação de uma biblioteca com essas
funcionalidades deverá estimular a curiosidade e interesse
da sociedade, em geral, e das comunidades carentes, em particular,
contribuindo para a difusão da ciência e tecnologia e inovação,
fundamentais para a formação cidadã e para a inserção social.”
Tudo ficaria melhor se as coisas fossem simplificadas.
Brasília precisa de uma grande biblioteca pública, organiza-se um
acervo de interesse geral e oferece-se o serviço à patuléia. Se
ela quiser livros de ciência, haverá de pedi-los.
“O Globo”, Caderno O País, p. 15, 19/10/08.
Coluna Elio Gaspari
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Subject: Biblioteca Nacional de Brasília
Colegas, vejam a notícia que já está circulando no Rio. Pena que a classe bibliotecária e o povo de Brasília não foi ouvido. Mas, ainda há tempo vamos nos unir e comparecer a audiência pública do dia 23/10, às 9h, na Câmara Legislativa. Chegou a hora de sermos ouvidos. Aos que desejam comparecer informo que existe um estacionamento grande após a entrada principal da CL. Vamos lá! Iza
DEU NO “O GLOBO”
Este foi o e-mail que recebemos na rede da Libre -- Liga Brasileira de Editoras, enviado pela nossa colega Isa, da Editora Briquet de Lemos, que trata de uma matéria saída em "O Globo" intitulada "Biblioteca sem livros". Coloquei no título deste post o plural, Bibliotecas sem livros, porque não é caso isolado, embora o mais espetacular. Leiam abaixo,após estes comentários, a reprodução da matéria de "O Globo". Ninguém comentou nada na rede, nenhuma editora da Libre. Eu não quis comentar na rede da Libre. Prefiro dar um destaque aqui para o que a Isa nos enviou e precisa ser enfatizado e divulgado. A matéria de "O Globo" fala por si. Mas pecisamos dizer que há uma febre de construir prédios, comprar estantes e mobiliários, instalar computadores, mas não fazem nenhuma dotação para livros. Esquecem-se de que existe uma economia do livro, não pedimos que amem os livros, mas que respeitem os negócios do livro, as pessoas que vivem do livro. E dão tudo para que um livro seja publicado. Dão a própria vida e o próprio dinheiro. Há uma cadeia de profissionais com vida a sustentar. Na verdade, a maioria dos editores perdem a vida pelos livros. Não queremos ser avaliados por critérios estatísticos meramente quantitativos, e isto parece a face construída do mercado editorial. Um monstro de muitas caras. Por isso dizemos ao Globo, esta pauta é ponto de partida para muitas outras pautas. A primeira, decorrente desta: Por que, desde grandes empresas, bancos, estados e municípios, pensam que livros são feitos para serem doados. Vivemos na época do pré-consumo do livro, comprar livros, o consumo necessário. Querem revitalizar a indústria editorial? Comprem livros, com isonomia, não apenas de uns poucos. Não bastam os programas governamentais, precisamos do incentivo às empresas para que comprem livros para suas bibliotecas. Contratam até funcionários para mandar cartas às editoras solicitando livros, (aos pequenos, médios e grandes editores). Empresas de grande porte, construtoras de rodovias e pessoas abnegadas nos pedem livros com eloqüencia sentimental. Eu fiz a frase, "Comprar livros, o consumo necessário". Aperfeiçoei para "Comprar livros, o gosto necessário", mais que hábito, bom gosto. Comprar livros, o bom gosto necessário. Faz parte das terapias alternativas.
Sugiro ao "O Globo" esta pauta, mais outra, que é também imediata: "Verbas de custeio para as editoras", como as há para as safras agrícolas. Se as pequenas editoras recebem grande encomenda, dê a elas, que ousaram investir sua vida em publicar bons livros, a verba de custeio. Um adiantamento nos programas, para que possam pagar gráficas à vista, em menor preço. Sim, verbas de custeio para o livro.
Outra sugestão de pauta: O FNDE-MEC --, no PNBE -- Programa Nacional Biblioteca da Escola, ao ouvir a cada ano o que dizem sobretudo as editoras independentes, teve a sensibilidade de aprimorar seus editais em várias cláusulas que apenas serviam para amarrar burocraticamente a participação democrática de livros e editoras. Em um dos aperfeiçoamentos, não contemplou a reciprocidade: colocou um teto para inscrição, mas se esqueceu da contrapartida: não estabeleceu o teto para participação de cada editora em cada acervo selecionado. E as distorções estão aí no PNBE-2009, concentração de títulos em grupos editoriais e casas isoladas. O que deve haver é uma multiplicação de programas, gerando escoamento para a produção editorial com demanda maior que ela em todo o país. Se empresários querem montar bibliotecas, façam dotações, comprem livros e peçam Nota Fiscal às Editoras. E desburocratizar.
Carlos Guilherme Mota de volta, com sua "História do Brasil". Saiu no Estadão de domingo. E lá está o fecho para o meu post, ele fala que políticas de inclusão não bastam se não formamos um grande sociedade civil. Realmente, estamos falando de inclusão de leitores, mas precisamos refletir e nos agregar a um projeto de sociedade consciente das nossas liberdades e direitos, porque o sentimentalismo sem sensibilidade não está com nada. Isto fazemos com boa leitura, bons livros matando a fome de ser. Ter livros é ser. Enfim a matéria enviada pela Isa, da Briquet de Lemos (Ah! Nem foi matéria de O Globo, foi coluna de Elio Gaspari, publicada também na Folha de S. Paulo):
Biblioteca sem livros
● Circula no comissariado cultural de Brasília uma
proposta de criação, na cidade, de uma “Biblioteca
Nacional de Ciência e Tecnologia, Inovação e Inclusão
Social e Digital”. Nome pomposo para uma girafa.
Logo em Brasília, único lugar no mundo onde existe
uma biblioteca com 10 mil metros quadrados construídos
ao preço de R$ 42 milhões, com 14 funcionários,
inaugurada duas vezes. Uma beleza, mas nela não há livros
para consulta pela patuléia. Tamanha excentricidade deveria
fazer parte do roteiro turístico da capital: “Aqui uma biblioteca
sem livros”.
Desde a fundação da cidade espera-se que Brasília tenha
uma biblioteca pública com acervo de interesse geral, capaz
de funcionar como o centro de uma rede de oferta de livros.
Havendo o prédio, seria natural que se respeitasse a idéia
original. Em vez disso, apareceu a proposta de se trocar a criação
de uma “Biblioteca Nacional de Brasília” por um projeto de
pretensão retórica e alcance limitado. A girafa vem com um
palavratório: “A implantação de uma biblioteca com essas
funcionalidades deverá estimular a curiosidade e interesse
da sociedade, em geral, e das comunidades carentes, em particular,
contribuindo para a difusão da ciência e tecnologia e inovação,
fundamentais para a formação cidadã e para a inserção social.”
Tudo ficaria melhor se as coisas fossem simplificadas.
Brasília precisa de uma grande biblioteca pública, organiza-se um
acervo de interesse geral e oferece-se o serviço à patuléia. Se
ela quiser livros de ciência, haverá de pedi-los.
“O Globo”, Caderno O País, p. 15, 19/10/08.
Coluna Elio Gaspari
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