Ser editor, hoje Primavera dos Livros 2008 e mais livros
Dias sem postar. A boa notícia é que novamente ocorreu em São Paulo a Primavera dos Livros 2008, no Centro Cultural São Paulo. Um belo e aprazível lugar para a convivência saudável de todas as classes sociais em torno do biscoito fino da cultura geral produzida em todos os níveis e em todas as áreas: livros, música, teatro, cinema, resumindo: tudo em livros que tudo engloba e atrai ao vivo os intérpretes das demais áreas. O público foi muito pequeno nessa festa.
Alguns tiveram nenhum sucesso de vendas. Insucesso para a maioria. Editores não participaram. Não porque não quisessem, mas pelos custos inerentes à viagem, e todos os custos inerentes sem que pudessem ser pelo menos cobertos pelas vendas parcas.
Quem trabalha na organização de um evento desses trabalha demais e nós, que fomos tratar de outros assuntos e brigar por nossos direitos numa época de financeirização do mundo em detrimento do trabalho de produção, do desejo de realização de projetos inovadores atropelados pela ganância da espoliação geral do mundo financeiro simplesmente (graças a Deus em crise, pois esse desregramento não poderia dar boa coisa e agora aguardamos regulações em benefício de todos), numa avaliação positiva ou negativa temos de reconhecer que pecamos por omissão. Valeria a pena discordar de que um tema único nos roubasse a diversidade necessária na organização temática das mesas? Afinal, a Primavera dos livros nasceu para privilegiar os catálogos literários. Nesta de São Paulo, o literário se foi, a não ser pela exposição dos livros nos estandes. Mas precisávamos de mesas literárias, não voltadas apenas para o discurso médio da inclusão. Um índio autenticamente consciente me encantou com seu discurso consistente, mas ele só não bastou. Num trabalho desse porte precisamos da chamada bibliodiversidade e chamar os autores, discutir o livro, as políticas públicas e as propostas privadas. Chamar todos os atores da economia do livro, inclusive tradutores e ilustradores.
Não houve público e eu me decepcionei com as vendas, por mim e pelos demais que vieram de longe. A ausência de público tem causas externas e internas, no âmbito dos sócios e também da organização trabalhadora. Não basta sermos trabalhadores, temos de incorporar o talento que produzirá o impacto no espaço público. Se ficamos trocando elogios entre comadres, no âmbito da epiderme, não atrairemos ninguém.Temos de ir fundo e provocarmos com talento genuíno, deixando de lado todas as atitudes carolas. A questão do livro é séria. Queremos ouvir o que vem do fundo da garganta de nossos pares. Queremos a alma derramada de nossos pares ausentes. Dos que ficaram pelo caminho e sequer paramos para perguntar-lhes: "Por quê? uns caíram, outros desertaram.
A Primavera nasceu com a preocupação coletiva, todos em torno de um objetivo maior, em que as pessoas se preocupavam com a agregação geral. Precisamos retomar esse espírito agregador, pois aí atrairemos os ausentes. Temos de sair em busca dos ausentes. Isto não é natural, tanta ausência. Temos apoio público e devemos ser insistentemente inclusivos com os nossos próprios pares. Sem contaminações burocráticas, lamentando sim as ausências, não somente do público.
Em que erramos? Em que acertamos? Acertamos na beleza, erramos feio na ausência de diversidade nas mesas. Em deixarmos de fora os grandes nomes de todas as gerações de autores que fazem os nossos catálogos e a letras brasileiras em todas as áreas. Tivemos notas na imprensa, mas não matérias incisivas em grandes jornais, como já tivemos em outras áreas em que renovávamos o mundo.
A Primavera dos Livros nasceu para inovar, impactar, isto atrai público. Que o Rio de Janeiro recupere para nós (e nós não temos de ser omissos como fomos em São Paulo) este clima de festa do livro que incendeie não apenas os jardins do Palácio do Catete, hoje Museu da República, mas toda a cidade do Rio de Janeiro e o país. Urgente discutir a questão do livro, ainda na era do pré-consumo.
Sugiro este tema para uma mesa com notáveis: "Segundo os publicitários vivemos a era do pós-consumo. E o livro, ainda está na era do pré-consumo? Por quê? Como chegar lá, a despeito de todas as tecnologias, pois ele é veículo gerador de tecnologias. Pensar o livro, livros que pensam e fazem pensar."
Uma notícia do talento em ação: Camila Perlingeiro volta a atuar na organização da Primavera dos Livros no Rio de Janeiro, ao lado dos demais, bem ao lado do Glaucio Pereira, que dirige a Quartet e revitalizou a Livraria do Museu da República. Os livros da Musa estão lá.
Nessa hora de falta de dinheiro e do Banco do Brasil com seus pacotes e armadilhas contra as pequenas empresas, sem distinguir o bem do mal, cultura e necessidade ampla de apoio ao livro e à educação, põe propaganda enganosa nos jornais no Dia da Pequena Empresa. Por que não dá poder aos seus gerentes, que nem precisam existir, pois as travas do sistema os obrigam a negociar tudo em pacotes. "assim nem precisa de gerente", constatou uma trabalhadora do livro muita antiga na área. É a mais pura verdade, pra que gerente, se as travas do sistema da automação impedem a inteligência dos negócios? Somos obrigados a negociar pacotes a agüentar punição e conseqüências nefastas por solicitar algo inidividualmente? O "aprimoramento" para o mal das empresas. Quando a cegueira burocrática cessará? Os cegos nos Estados Unidos protestam contra o filme de Fernando Meirelles, Ensaio sobre a Cegueira (li no Estadão e aqui faço meu "Jornal do Jornal"), mas se esquecem eles de que Saramago falou da degradação dos cegos que vêem mas não enxergam, que têm olhos e não vêem. Os cegos também podem ver, com os demais sentidos, ver com alma com a alma. Mas essa cegueira dos burocratas e da vida em condomínio é o combate do artista com suas armas alegóricas. Quer mais cego que um burocrata diretor de banco, por exemplo, ou os tais mercenários formuladores de armadilhas espertas contra os cidadãos indefesos do atual sistema financeiro, graças a Deus em crise. Regulação em cima dessa turma voraz em cima do cidadão, fazendo a maioria "pagar pelos pecados de poucos", a expressão não é minha, mas de um economista articulista internacional. Como um grito contra o "curto-prazismo", que assola todos os consumidores do mundo e os afoga.
Que na Primavera dos Livros, no Rio de Janeiro, possamos discutir a fundo as questões culturais do livro em uma economia adversa. Com talento na organização das mesas com diversidade de temas, atrair público e imprensa para a pertinência das nossas discussões.
O feito da Primavera dos Livros em São Paulo é um reinício e a Musa quer sempre participar. Mas temos de, junto com o feito, recuperar nossas ambições fundadoras, junto com o novo, nunca como opção ao médio e à média. E cultivarmos a inclusão dos nossos próprios pares (o porquê de tantas editoras ausentes, se temos apoio público) e, buscando essa inclusão desse público interno, atingirmos a economia solidária, que teoricamente pregamos. Somos predatórios uns com os outros na área do consumo interno. A Libre jamais deve ter espírito de condomínio. Temos muito o que fazer, se nos tornamos omissos, há causas outras que nossa própria omissão. Sentimentalismos a parte, vamos é mergulhar bem fundo. Estamos muito horizontais e epidérmicos, vamos ouvir os ausentes. Por que ficaram mudos?
Alguns tiveram nenhum sucesso de vendas. Insucesso para a maioria. Editores não participaram. Não porque não quisessem, mas pelos custos inerentes à viagem, e todos os custos inerentes sem que pudessem ser pelo menos cobertos pelas vendas parcas.
Quem trabalha na organização de um evento desses trabalha demais e nós, que fomos tratar de outros assuntos e brigar por nossos direitos numa época de financeirização do mundo em detrimento do trabalho de produção, do desejo de realização de projetos inovadores atropelados pela ganância da espoliação geral do mundo financeiro simplesmente (graças a Deus em crise, pois esse desregramento não poderia dar boa coisa e agora aguardamos regulações em benefício de todos), numa avaliação positiva ou negativa temos de reconhecer que pecamos por omissão. Valeria a pena discordar de que um tema único nos roubasse a diversidade necessária na organização temática das mesas? Afinal, a Primavera dos livros nasceu para privilegiar os catálogos literários. Nesta de São Paulo, o literário se foi, a não ser pela exposição dos livros nos estandes. Mas precisávamos de mesas literárias, não voltadas apenas para o discurso médio da inclusão. Um índio autenticamente consciente me encantou com seu discurso consistente, mas ele só não bastou. Num trabalho desse porte precisamos da chamada bibliodiversidade e chamar os autores, discutir o livro, as políticas públicas e as propostas privadas. Chamar todos os atores da economia do livro, inclusive tradutores e ilustradores.
Não houve público e eu me decepcionei com as vendas, por mim e pelos demais que vieram de longe. A ausência de público tem causas externas e internas, no âmbito dos sócios e também da organização trabalhadora. Não basta sermos trabalhadores, temos de incorporar o talento que produzirá o impacto no espaço público. Se ficamos trocando elogios entre comadres, no âmbito da epiderme, não atrairemos ninguém.Temos de ir fundo e provocarmos com talento genuíno, deixando de lado todas as atitudes carolas. A questão do livro é séria. Queremos ouvir o que vem do fundo da garganta de nossos pares. Queremos a alma derramada de nossos pares ausentes. Dos que ficaram pelo caminho e sequer paramos para perguntar-lhes: "Por quê? uns caíram, outros desertaram.
A Primavera nasceu com a preocupação coletiva, todos em torno de um objetivo maior, em que as pessoas se preocupavam com a agregação geral. Precisamos retomar esse espírito agregador, pois aí atrairemos os ausentes. Temos de sair em busca dos ausentes. Isto não é natural, tanta ausência. Temos apoio público e devemos ser insistentemente inclusivos com os nossos próprios pares. Sem contaminações burocráticas, lamentando sim as ausências, não somente do público.
Em que erramos? Em que acertamos? Acertamos na beleza, erramos feio na ausência de diversidade nas mesas. Em deixarmos de fora os grandes nomes de todas as gerações de autores que fazem os nossos catálogos e a letras brasileiras em todas as áreas. Tivemos notas na imprensa, mas não matérias incisivas em grandes jornais, como já tivemos em outras áreas em que renovávamos o mundo.
A Primavera dos Livros nasceu para inovar, impactar, isto atrai público. Que o Rio de Janeiro recupere para nós (e nós não temos de ser omissos como fomos em São Paulo) este clima de festa do livro que incendeie não apenas os jardins do Palácio do Catete, hoje Museu da República, mas toda a cidade do Rio de Janeiro e o país. Urgente discutir a questão do livro, ainda na era do pré-consumo.
Sugiro este tema para uma mesa com notáveis: "Segundo os publicitários vivemos a era do pós-consumo. E o livro, ainda está na era do pré-consumo? Por quê? Como chegar lá, a despeito de todas as tecnologias, pois ele é veículo gerador de tecnologias. Pensar o livro, livros que pensam e fazem pensar."
Uma notícia do talento em ação: Camila Perlingeiro volta a atuar na organização da Primavera dos Livros no Rio de Janeiro, ao lado dos demais, bem ao lado do Glaucio Pereira, que dirige a Quartet e revitalizou a Livraria do Museu da República. Os livros da Musa estão lá.
Nessa hora de falta de dinheiro e do Banco do Brasil com seus pacotes e armadilhas contra as pequenas empresas, sem distinguir o bem do mal, cultura e necessidade ampla de apoio ao livro e à educação, põe propaganda enganosa nos jornais no Dia da Pequena Empresa. Por que não dá poder aos seus gerentes, que nem precisam existir, pois as travas do sistema os obrigam a negociar tudo em pacotes. "assim nem precisa de gerente", constatou uma trabalhadora do livro muita antiga na área. É a mais pura verdade, pra que gerente, se as travas do sistema da automação impedem a inteligência dos negócios? Somos obrigados a negociar pacotes a agüentar punição e conseqüências nefastas por solicitar algo inidividualmente? O "aprimoramento" para o mal das empresas. Quando a cegueira burocrática cessará? Os cegos nos Estados Unidos protestam contra o filme de Fernando Meirelles, Ensaio sobre a Cegueira (li no Estadão e aqui faço meu "Jornal do Jornal"), mas se esquecem eles de que Saramago falou da degradação dos cegos que vêem mas não enxergam, que têm olhos e não vêem. Os cegos também podem ver, com os demais sentidos, ver com alma com a alma. Mas essa cegueira dos burocratas e da vida em condomínio é o combate do artista com suas armas alegóricas. Quer mais cego que um burocrata diretor de banco, por exemplo, ou os tais mercenários formuladores de armadilhas espertas contra os cidadãos indefesos do atual sistema financeiro, graças a Deus em crise. Regulação em cima dessa turma voraz em cima do cidadão, fazendo a maioria "pagar pelos pecados de poucos", a expressão não é minha, mas de um economista articulista internacional. Como um grito contra o "curto-prazismo", que assola todos os consumidores do mundo e os afoga.
Que na Primavera dos Livros, no Rio de Janeiro, possamos discutir a fundo as questões culturais do livro em uma economia adversa. Com talento na organização das mesas com diversidade de temas, atrair público e imprensa para a pertinência das nossas discussões.
O feito da Primavera dos Livros em São Paulo é um reinício e a Musa quer sempre participar. Mas temos de, junto com o feito, recuperar nossas ambições fundadoras, junto com o novo, nunca como opção ao médio e à média. E cultivarmos a inclusão dos nossos próprios pares (o porquê de tantas editoras ausentes, se temos apoio público) e, buscando essa inclusão desse público interno, atingirmos a economia solidária, que teoricamente pregamos. Somos predatórios uns com os outros na área do consumo interno. A Libre jamais deve ter espírito de condomínio. Temos muito o que fazer, se nos tornamos omissos, há causas outras que nossa própria omissão. Sentimentalismos a parte, vamos é mergulhar bem fundo. Estamos muito horizontais e epidérmicos, vamos ouvir os ausentes. Por que ficaram mudos?
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