Saturday, August 30, 2008

Ser editor, hoje, A Bienal terminou Toma posse o novo Ministro da Cultura

A Bienal terminou, nem vi balanço nos jornais. Não foi muito paparicada pela imprensa nem pelo público. O público mudou. Quem ia não vai mais. Mas quem vai, descobre o livro. Mesmo que seja por meio dos saldões. Faltam matérias de peso que discutam o livro e o mercado editorial. Tem muita coisa para se dizer, além de todos os ufanismos e sensacionalismos rasos do meramente curioso. O mercado editorial vive um drama, sempre o curto prazo brigando com o longo prazo: nossa vida é feita de esperas. E chega o e-mail: "somos exportadores, etc. etc., e pedem livros aos editores, a única coisa que têm para vender e viver. Aperfeiçoei a frase:

COMPRAR LIVROS, O GOSTO NECESSÁRIO. Eu tinha dito, o consumo necessário, porque enquanto outros objetos de desejo encontram-se na fase do pós-consumo, o bom livro, aquele que não é papel pintado ou mera receita edificante enganosa, está na fase do pré-consumo. Que finda a Bienal, quando se anunciam as Primaveras do Livro, em São Paulo e depois no Rio, que o gosto pelo livro tome conta das mentes e corações, o gosto necessário pelo livro. E sejamos menos bobos, indo além do óbvio, como disse o Luiz Fernando Veríssimo na sua crônica desta semana no Estadão. è mais ou menos isso, fazer o óbvio é fácil, ir além do óbvio ou ver além do óbvio que é a questão. Que os jornalistas cubram as Primaveras direito, porque no mundo inteiro há um movimento das editoras independentes muito interessante, que foge aos jargões repetitivos. Há livros sendo lançados, dois títulos já foram traduzidos no Brasil. Um deles, traduzido do francês, chama-se "Proteger o livro". Proteger também as editoras, não as fazendo esperar tanto.

Toma posse Juca Ferreira, o novo ministro da Cultura. Fui ler a entrevista dele ao Jotabê Medeiros. Toca no ponto, para marcar a importância da Cultura: de nada adianta o crescimento econômico, o acesso dos mais pobres aos bens de consumo da classe média, se não se toma gosto também por uma boa formação educacional e cultura. Não basta ser emergente financeiramente, é preciso formar-se culturalmente, emergir também educacionalmente. Eu era uma pré-adolescente e li "O Colecionador", e a personagem mencionava "a nova gente" e seu gosto duvidoso, pelos objetos medonhos que decoravam o porão do seqüestro, mas podemos dizer que o dinheiro somente sem a ascensão educacional e cultural tem nos trazido uma gente predatória. Como esses novos legisladores, que prestam assessoria aos deputados, tornando a legislação econômica mais draconiana, protegendo a rapinagem geral, pensando que todos são maus pagadores. O que eles estão criando são armadilhas pseudolegais impedindo as pessoas de pagarem suas dívidas. E o consumidor como fica? Isto é desumanização generalizada que somente a boa formação educacional éticocultural poderá resgatar. Vi uma entrevista de uma família bem sucedida que abomina consultores. São mesmo abomináveis, quando descambam para desqualificar os demais, gerando monstros legais para a sociedade indefesa.

O Banco do Brasil faz 200 anos, tem o melhor site e um esplêndido gerenciador financeiro na internet. Mas não cuida do atendimento ao cliente. Cria armadilhas diárias para os clientes, suas normas burocráticas são letais, contribuem para a morte não para a vida das empresas. Seus gerentes são amestrados a cuidar do próprio prontuário não de soluções negociais inteligentes. Não contextualizam nada, puxam o tapete enquanto andamos, prevalecem as mais burras normas burocráticas (aí está "a banalidade do mal", um nazismo bancário), fazem em débitos em conta cujo histórico não é mencionado, mas apenas dizem, débito de cobrança lote tal, do que se trata?, não sabemos. Agora trabalham com pacotes empresariais, você não pode resolver um assunto isolado sem optar por todos. O funcionário erra feio, quem paga o pato é o cliente.Antes eu era muito solidária com motoristas de ônibus (essas feras soltas, hoje não sou mais) e bancários (eles fazem o sucesso dos banqueiros, são mais realistas que o rei, ou é uma nova fauna que está aí apenas para servir de acólito para a rapina instituída e a perversidade como norma para angariar mais e mais como um falso Maquiavel de algibeira em que os fins justificam os meios?). Há exceções, tenho alguns bons amigos nos bancos, mas a regra é feia. Ainda contam com esses assistentes de legisladores e os emergentes sem alma na farra burocrática para ferrar e mais ferrar. A Ouvidoria é uma farsa, bem disse a a Maria Inês Dolci. Mandam tudo de volta para a agência. O problema está em quem cria normas que viram armadilhas a ponta, criando problemas em vez de inteligentes soluções negociais. Tudo é uma desconsideração ao cliente. "Todo seu" é um slogan enganoso. Os gerentes não têm idéia do que seja as Editoras, a relevância cultural do que fazem, repetem mecanicamente os mesmos jargões ouvidos da burocracia instalada para o mal, nunca para o bem da nação brasileira. Eu me divirto, mas comento. Pena não poder contar os casos, a discrição me impede e os amigos, aí sim, me matarão. Antes de abrir Centros Culturais, deveriam entender efetivamente o funcionamento da área da cultura e suas empresas. Sobretudo do livro.

Faltou na matéria do Jotabê Medeiros com o novo Ministro da Cultura, Juca Ferreira, maior ênfase à economia do livro. A entrevista pecou nessa ausência, viu Jotabê, que fez boas matérias quando a Musa lançou livros de ponta e deram imensa repercussão. Jotabê Medeiros, venha falar da Primavera dos Livros e ouça todo mundo. Tenho um livro sobre as Editoras independentes para você, traduzido do francês, ali estão as discussões essenciais da edição à comercialização do livro. Não será mais preciso repetir os mesmos jargões que levaram à criação das primeiras Primaveras dos livros. Há um avanço considerável, alguns recuos, não somos perfeitos, algo novo tem de ser pautado para o livro no mundo, hoje.

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