Ser editor, hoje, mulheres
Sempre subestimei a questão de gênero nas profissões, sempre achei balela essa queixa de se julgar vítima de preconceitos. Nunca me comportei como homem para exercer o papel de editora. Vejo muitas outras como eu, melhores que eu, pois são mais objetivas e práticas, realizam cada uma a idéia inesperada. No concreto dos livros. Eu admiro no que fazem o que não sei fazer. E faço aquilo que sei fazer, padecente de aceitação restrita, ou imediata acolhida, por sorte.
Mas essa história de sofrer preconceitos, ser agredida por machos toscos, nunca me passou pela cabeça, eu subestimava as narrativas, inclusive de alunas e professoras no mundo mercenário das chamadas faculdades particulares, com suas histórias e processos contra agressões masculinas, sobretudo vindas de profissionais de outras áreas nem afins atuando como professores.
A idealização das pessoas sempre foi o meu pecado. Nunca fui ingênua, mesmo que ao lado do charme empreendedor produtivo tenhamos de enfrentar a selva dos negócios, a perversidade burocrática e seus cegos guardiões e suas mecânicas repetições, os lobismos, o desequilíbrios entre a busca do aprimoramento e o retrocesso rude. As "visões do inferno" são banais. Mas a minha alegria e disposição sempre ficavam acima da violência da realidade.
Mas, a brutalidade virou norma nas relações. E a gente sabe de histórias e vive histórias que são invasões bárbaras a conspurcar o processo civilizatório. O mundo apenas financeirizado perdeu todos os valores humanos.
Acordei para a humanidade, a qualquer tempo, a qualquer época a qualquer dia. Lutar pela vida com qualidade, o humanizar-se. Vi com meus olhos, bateu em minha carne uma frase preconceituosa contra a mulher editora: "Não vou ganhar nada com isso, mas vou fazer isso só para ferrar ela." Estou apanhando. Disso jamais me corrigirei, eu tomo as minhas dores e as dores do mundo. Agora temos de lutar para ser humanos.
Precisamos, já, sim, trazer para o lado das editoras as advogadas que militam pelos direitos da mulher e podem, sim, nos pedir indenizações por discriminação de gênero. E por perdas e danos. Por injúria e difamação. Por tudo que degrada a nossa saúde física e mental nas relações de trabalho, não somente como empregadas, mas como empreendedoras. Como consumidoras de serviços. É uma rede de relações que precisam ser diplomatizadas, não bárbaras.
Ser editor, hoje, e ser mulher, é assumir o seu papel feminino e todos os papéis femininos da nossa categoria. Não podemos apanhar na rua e disso gostar. Um aviso: a frase " é só pra ferrar ela" não foi proferida por nenhum de nossos queridos colegas editores homens, mas no universo paralelo onde coexistem nobreza e emergência (a ascensão lúmpen "burguesa" sem consciência social) e falta de compromomissos leais e éticos nas negociações do ofício.
Vem-me sempre o verso de Drummond, no seu poema "Elegia 1938"
"porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan."
São necessárias sim as advogadas e todas as instituições públicas e privadas que defendem a mulher. As mulheres editoras precisam, sim, da sua existência. Em qualquer categoria profissional, não estamos imunes ao machismo agressor remanescente.
Mas essa história de sofrer preconceitos, ser agredida por machos toscos, nunca me passou pela cabeça, eu subestimava as narrativas, inclusive de alunas e professoras no mundo mercenário das chamadas faculdades particulares, com suas histórias e processos contra agressões masculinas, sobretudo vindas de profissionais de outras áreas nem afins atuando como professores.
A idealização das pessoas sempre foi o meu pecado. Nunca fui ingênua, mesmo que ao lado do charme empreendedor produtivo tenhamos de enfrentar a selva dos negócios, a perversidade burocrática e seus cegos guardiões e suas mecânicas repetições, os lobismos, o desequilíbrios entre a busca do aprimoramento e o retrocesso rude. As "visões do inferno" são banais. Mas a minha alegria e disposição sempre ficavam acima da violência da realidade.
Mas, a brutalidade virou norma nas relações. E a gente sabe de histórias e vive histórias que são invasões bárbaras a conspurcar o processo civilizatório. O mundo apenas financeirizado perdeu todos os valores humanos.
Acordei para a humanidade, a qualquer tempo, a qualquer época a qualquer dia. Lutar pela vida com qualidade, o humanizar-se. Vi com meus olhos, bateu em minha carne uma frase preconceituosa contra a mulher editora: "Não vou ganhar nada com isso, mas vou fazer isso só para ferrar ela." Estou apanhando. Disso jamais me corrigirei, eu tomo as minhas dores e as dores do mundo. Agora temos de lutar para ser humanos.
Precisamos, já, sim, trazer para o lado das editoras as advogadas que militam pelos direitos da mulher e podem, sim, nos pedir indenizações por discriminação de gênero. E por perdas e danos. Por injúria e difamação. Por tudo que degrada a nossa saúde física e mental nas relações de trabalho, não somente como empregadas, mas como empreendedoras. Como consumidoras de serviços. É uma rede de relações que precisam ser diplomatizadas, não bárbaras.
Ser editor, hoje, e ser mulher, é assumir o seu papel feminino e todos os papéis femininos da nossa categoria. Não podemos apanhar na rua e disso gostar. Um aviso: a frase " é só pra ferrar ela" não foi proferida por nenhum de nossos queridos colegas editores homens, mas no universo paralelo onde coexistem nobreza e emergência (a ascensão lúmpen "burguesa" sem consciência social) e falta de compromomissos leais e éticos nas negociações do ofício.
Vem-me sempre o verso de Drummond, no seu poema "Elegia 1938"
"porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan."
São necessárias sim as advogadas e todas as instituições públicas e privadas que defendem a mulher. As mulheres editoras precisam, sim, da sua existência. Em qualquer categoria profissional, não estamos imunes ao machismo agressor remanescente.
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