Sunday, November 22, 2009

Indícios e explícitos PNBE 2010 Escolhas de Livros Ser editor, hoje

O Fnde-MEC tem um Código de Ética. Como editor, no histórico das minhas relações com os funcionários, este Código de Ética é rigorosamente cumprido.

As escolhas governamentais de livros, burocraticamente, se pautam corretamente, os editais se aprimoram a cada ano, mas falta ainda muito para que o real protagonismo do livro, que fala por si só, venha a ser consolidado.

Mas a terceirização das escolhas está perigosa para a composição da bibliodiversidade justa e isonômica na formação de acervos, porque repetimos a concentração de títulos que agora se dá entre casas editoras grandes e pequenas.

Há indícios, ouvi de alguns pares e autores. Indícios de comprometimentos nessa terceirização bem-intencionada, selecionada por currículos recheados dentro do atual carreirismo acadêmico, com pressa em publicar e publicar de qualquer maneira, com pressa demais que nem Darwin teve (está em artigo do Mais, de hoje).
Cabritos para vigiar a horta de couve. Entre juízes haveria impedimentos. Mas entre coordenadores de escolhas, cuja bibliografia tem história em editoras francamente favorecidas, é preciso olhar os explícitos. Eram indícios. Meus pares e autores que conversam sobre isso têm razão.

A grandeza dos grandes mestres foi substituída pela euforia curricular. Há grandes mestres, há grandes pessoas, grandes mestres mesmo entre os novos. Mas somos movidos por distorções. Cooptações sutis e escancaradas, muitas vezes. Quem se dá conta? Se o burocrático está correto, a peocupação ética sobretudo na terceirização da tarefa precisa ser acionada.

Que o FNDE cuide de seus programas fora do MEC.

Quanto a mim, como editora, quero fazer meus livros como escolha editorial, não como meros instrumentos que possam entrar em programas governamentais. Que um seja escolhido, acho bom, não porque pertença à Musa Editora, que publicou fulano e fulano, porque é um bom livro e fala por si mesmo. O que garanto ter ocorrido em todas as vezes que tive títulos selecionados. Bons livros podem ser barrados na porta para dar lugar a escolhas concentradas e cooptadas por razões várias. Indícios, falam cautelosos meus pares e autores. Explícitos, contam-me e eu aqui pergunto? Onde está a imprensa? Onde estamos nós, ancorados no corporativismo, com medo da falta de pudor por termos pudor?

A universalidade e a diversidade sempre, não se pode baixar a guarda nem quando voltamos para a rua.
Peço ao competente ministro Fernando Haddad que veja isso, como foi bem ágil com relação aos problemas de terceirizações em outras áreas sensíveis da Educação. Obrigada.

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