Monday, November 16, 2009

Distrito Federal Compra Governamentais de Livros

A carta de Cristina Warth, presidente da Libre, fala por si, no tocante ao problema das escolhas nas compras governamentais de livros, algo bom, com distorções sutis que violam o princípio universal da isonomia e arrasam com a bibliodiversidade. Quando a imprensa falará?


Rio de Janeiro, 12 de novembro de 2009.


Ilmo. Sr. Governador do Distrito Federal
José Roberto ArrudaAnexo do Palácio do Buriti - 11º andar, Gabinete - Praça do BuritiCEP 70075-900 - Brasília - DF


Referência: compra de livros infantis e juvenis pela Secretaria de Educação do Distrito Federal


Prezados Senhores,

Encaminhamos essa carta em nome de 104 pequenas e médias editoras, representadas pela LIBRE – Liga Brasileira de Editoras, na tentativa de esclarecer a notícia que circulou na semana passada, de que a Secretaria de Educação do Distrito Federal comprará, para compor o acervo de suas escolas e bibliotecas, 47 títulos – 3000 (três mil exemplares de cada um), de uma única editora.
Queremos crer que essa notícia não seja verdadeira, pois representaria atitude de privilégio para com uma única empresa e falha grave na gestão do recurso público, ignorando a produção de dezenas de editoras que durante todo o ano, diretamente ou via seus representantes, apresentaram livros para análise, como é de praxe nas compras de livros para formação de acervos de escolas, bibliotecas e alunos da rede pública.
As compras públicas, em todas as esferas, são acompanhadas e esperadas por toda a cadeia produtiva do livro, pois é sabido que representam parcela importante do resultado das editoras e distribuidoras do país.
Nos últimos anos temos acompanhado o processo cada vez maior de inclusão de um número significativo de pequenas e médias editoras nessas compras, resultado da profissionalização do setor e do aumento da diversidade e qualidade dos livros que chegam ao mercado, e também da preocupação do Estado em compor acervos que representem a produção editorial do país.

Nunca é demais lembrar que é a existência das pequenas e médias editoras que garante a bibliodiversidade e a renovação cultural, pois são elas que via de regra criam oportunidades para o lançamento de novos autores e de projetos editoriais diferenciados. Várias dessas casas editoriais recebem os mais importantes prêmios literários nacionais e internacionais. Portanto, desconsiderar seus catálogos no momento de compor acervos públicos representa não só uma grave falha técnica do órgão responsável, mas também uma negligência em relação à responsabilidade do comprador no fomento da cultura nacional.
Por conta disso não podemos acreditar que a compra da Secretaria de Educação do Distrito Federal opte pelo caminho do privilégio de uma única empresa, com a consequente exclusão de todo o mercado editorial, e pedimos esclarecimentos urgentes sobre essa informação.

Cordiais comprimentos,


Cristina Warth
Presidente

Com cópia para as entidades de classe e para a imprensa.

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