Ética entre editores Ética pelos autores e tradutores Votos 2008
Na postagem anterior, reproduzi uma matéria do "Le Monde Diplomatique" sobre os pequenos editores independentes, ou melhor, que tentam sua independência pela perseverança e pela séria construção de um catálogo com livros eternos, mesmo que sejam modernos, não perecíveis.
A matéria começa dizendo que é preciso salvar dos predadores essas casas editoras, o que vale para o mundo inteiro.
O que nos pode salvar da predação é a ética nas relações entre todos os atores do livro, editores entre si, autores para com os editores e vice-versa. O desespero por inflar currículos, o desconhecimento das regras de mera cortesia que nenhum papel acolhe e onde o dinheiro não conta, mas a honra pede passagem em meio a um vale-tudo que enfumaça tudo. Os órgãos de pesquisa têm estimulado o arrivismo desesperador entre o professorado médio universitário, que fazem qualquer coisa para ter seu livro publicado depressa. Vale o vício da publicação a qualquer preço e atropelando qualquer ética. Perdeu-se a virtude da construção séria com relações éticas e sérias pelo vício da gincana. Infelizmente há editores que se prestam para acolher o vício geral.
Autocriticamente, a Musa está saindo dessa rota. Continuará, sim, sua coleção universitária, com diretores editoriais e uma política bem pensada, não no ritmo de uma indústria para atender a distribuição de brindes em eventos grandes ou pequenos, mas como uma Casa Editora. Como o foram muitas editoras históricas com seus passos eternos. Os bons livros continuam existindo em seus catálogos mesmo que encontrem-se esgotados.
A rota da Musa Editora está proposta no revolucionário (a expressão é do professor Waldenyr Caldas, da Eca-Usp) e oportuníssimo livro de Gilles Colleu, "Editores Independentes: da idade da razão à ofensiva" que a Libre -Liga Brasileira de Editoras lançou na última Primavera dos Livros, em novembro, ocorrida nos Jardins do Palácio do Catete com glamour e sucesso. Quem é do livro precisa ler este livro: autores, editores, revisores, ilustradores, gráficos, bibliotecários,jornalistas da chamada área cultural, leitores também. Órgãos públicos culturais e educacionais que abastecem as bibliotecas públicas e escolares do país. Um livro realmente novo. Olá, Zanin (Luiz Zanin Oricchio), querido editor do Cultura do Estadão, o crítico de cinema, vale a pena encomendar uma resenha, pois muda tudo que o senso comum hoje apregoa no mercado do livro e traz de volta a valorização do editor de criação e define bem o que é um editor de oferta e um editor apenas de demanda. Vivemos a financeirização do mundo, não que o dinheiro não seja preciso para o operário digno do seu salário, mas isso criou uma predação geral, um vazio ético nas relações e a emergência de atores do livro(editores e autores, e tradutores, principalmente) em que a carência ética pode se tornar epidêmica. O livro prega que o editor deve ser virtuoso, todos os atores da cadeia do livro precisam ser virtuosos. O vício mata, "temos um câncer sobre o azul". Alô, Capes, alô, Fapesp, não premiem a ânsia de inflar currículos de autores afobados. As formas vigentes de avaliação de docentes são faca de dois gumes, promovem distorções medonhas, incentivam os vícios e ansiedade mórbida de se publicar a qualquer preço, como se quantidade significasse real produção. Uma página de escrita notável pode valer mais que um calhamaço enfadonho (não confundir com a obra extensa, livro com as páginas necessárias ao acabamento perfeito, seja um poema só ou mil páginas) . A propósito disso e de outros propósitos que envolvem a literatura, é e sempre será exemplar o artigo polêmico que Alcir Pécora publicou no Estadão, Cultura, dia 30 de dezembro de 2007, e está sendo reproduzido com amor e ódio pelos blogueiros na web: "Dez passos rumo ao desprestígio". Eu li com amor. Diego reproduziu no breviario.org, com aprovação e festa. Este assunto não terminou. Escreverei novos posts com citações do livro do Gilles Colleu e contarei histórias "escabrosas" que só aqueles que entendem meias palavras se indignarão com elas. O tratado sobre a cegueira não é apenas ficção do Samarago. O alerta sobre o cego que não quer ver está no Evangelho de Jesus: "Há dois mil anos te mandei meu grito".
A matéria começa dizendo que é preciso salvar dos predadores essas casas editoras, o que vale para o mundo inteiro.
O que nos pode salvar da predação é a ética nas relações entre todos os atores do livro, editores entre si, autores para com os editores e vice-versa. O desespero por inflar currículos, o desconhecimento das regras de mera cortesia que nenhum papel acolhe e onde o dinheiro não conta, mas a honra pede passagem em meio a um vale-tudo que enfumaça tudo. Os órgãos de pesquisa têm estimulado o arrivismo desesperador entre o professorado médio universitário, que fazem qualquer coisa para ter seu livro publicado depressa. Vale o vício da publicação a qualquer preço e atropelando qualquer ética. Perdeu-se a virtude da construção séria com relações éticas e sérias pelo vício da gincana. Infelizmente há editores que se prestam para acolher o vício geral.
Autocriticamente, a Musa está saindo dessa rota. Continuará, sim, sua coleção universitária, com diretores editoriais e uma política bem pensada, não no ritmo de uma indústria para atender a distribuição de brindes em eventos grandes ou pequenos, mas como uma Casa Editora. Como o foram muitas editoras históricas com seus passos eternos. Os bons livros continuam existindo em seus catálogos mesmo que encontrem-se esgotados.
A rota da Musa Editora está proposta no revolucionário (a expressão é do professor Waldenyr Caldas, da Eca-Usp) e oportuníssimo livro de Gilles Colleu, "Editores Independentes: da idade da razão à ofensiva" que a Libre -Liga Brasileira de Editoras lançou na última Primavera dos Livros, em novembro, ocorrida nos Jardins do Palácio do Catete com glamour e sucesso. Quem é do livro precisa ler este livro: autores, editores, revisores, ilustradores, gráficos, bibliotecários,jornalistas da chamada área cultural, leitores também. Órgãos públicos culturais e educacionais que abastecem as bibliotecas públicas e escolares do país. Um livro realmente novo. Olá, Zanin (Luiz Zanin Oricchio), querido editor do Cultura do Estadão, o crítico de cinema, vale a pena encomendar uma resenha, pois muda tudo que o senso comum hoje apregoa no mercado do livro e traz de volta a valorização do editor de criação e define bem o que é um editor de oferta e um editor apenas de demanda. Vivemos a financeirização do mundo, não que o dinheiro não seja preciso para o operário digno do seu salário, mas isso criou uma predação geral, um vazio ético nas relações e a emergência de atores do livro(editores e autores, e tradutores, principalmente) em que a carência ética pode se tornar epidêmica. O livro prega que o editor deve ser virtuoso, todos os atores da cadeia do livro precisam ser virtuosos. O vício mata, "temos um câncer sobre o azul". Alô, Capes, alô, Fapesp, não premiem a ânsia de inflar currículos de autores afobados. As formas vigentes de avaliação de docentes são faca de dois gumes, promovem distorções medonhas, incentivam os vícios e ansiedade mórbida de se publicar a qualquer preço, como se quantidade significasse real produção. Uma página de escrita notável pode valer mais que um calhamaço enfadonho (não confundir com a obra extensa, livro com as páginas necessárias ao acabamento perfeito, seja um poema só ou mil páginas) . A propósito disso e de outros propósitos que envolvem a literatura, é e sempre será exemplar o artigo polêmico que Alcir Pécora publicou no Estadão, Cultura, dia 30 de dezembro de 2007, e está sendo reproduzido com amor e ódio pelos blogueiros na web: "Dez passos rumo ao desprestígio". Eu li com amor. Diego reproduziu no breviario.org, com aprovação e festa. Este assunto não terminou. Escreverei novos posts com citações do livro do Gilles Colleu e contarei histórias "escabrosas" que só aqueles que entendem meias palavras se indignarão com elas. O tratado sobre a cegueira não é apenas ficção do Samarago. O alerta sobre o cego que não quer ver está no Evangelho de Jesus: "Há dois mil anos te mandei meu grito".
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