Friday, April 18, 2008

O direito não é só do mais forte

Tenho reparado neste país de sociedade calada que há um consenso perverso de que as leis devem ser exercidas a favor do mais forte. "Estão exercendo seus direitos legais", mesmo quando são explicitamente abusados. O respaldo oficial ao modus operandi dos bancos, por exemplo. Eles achacam e pagam acólitos que os defendem no indefensável, como se estivessem exercendo direitos legais. Até os que os combatem acreditam nisso.

Os cidadãos é que estão precisando exercer seus direitos legais. Contra leis que violam a Lei. Contra leis que "são o escárnio da própria lei", esta expressão é do José de Souza Martins, de quem eu gostaria de publicar um livro.

É falsa humildade achar que estamos em desvantagem frente a todos os abusos. Temos direitos, afinal, somos maioria, e devemos exercê-los. São muitos Golias, mas a sociedade brasileira tem seus Davis ungidos.

Vou publicar o livro do Clóvison, "Demiti o Banco da Minha Vida" e estou demorando, porque estou afinando o texto, ainda aguardando alguns testemunhos mais e colaborações. Porque precisamos abrir o inferno do porão deste horror em que se encontra refém grande parte da sociedade brasileira. Suas empresas humilhadas. As pessoas que não podem convidar para jantar os amigos porque têm de honrar o achaque da prestação do financiamento bancário.

A Eucaristia é um banquete, um jantar, um pôr-se à mesa e partilhar o pão, como Jesus fez com seus amigos. Está sendo-nos roubada a missa em nossas casas, com essa financeirização do mundo. A vida não é essa, roubar a casa dos outros, a comida dos outros, a alma da família humilhada. Temos direitos, meus amigos. "Nós que amávamos tanto a revolução", temos direito à comida, à cultura, à convivência, a comprar sapatos, a dar presentes, não ao achaque generalizado, que escraviza até os aposentados.

Estou concordando com Frei Betto (não concordo sempre com ele): "Precisamos da democracia econômica". Não há democracia econômica neste país. Há, sim, tortura econômica, roubando a qualidade de vida das pessoas, roubando a vida das pessoas. E qualquer governo está alienado para isso. "É a regra", não é a regra, é o horror. Onde está o levante contra tudo isso? Dentro de nós. O primeiro passo é a consciência de que temos direitos e também podemos exercê-los. Abaixo os contratos de adesão, com cláusulas abusivas achacando a dignidade daqueles que querem apenas o direito de ter uma casa para morar ou para montar a sua empresa que gerará impostos e dará empregos, no Brasil real. Isto seria o verdadeiro ir ao Paraíso da nossa classe operária.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home