Opinião própria
A reciprocidade entre autor editor/editor autor. Não existe livro sem interação. Um texto pode ser mandado para a gráfica pelo seu autor, mas é apenas um manuscrito impresso. O trabalho de edição implica todo um processo, envolve profissionais de áreas diversas e afins. Portanto, nenhum editor edita um livro sem prever-lhe um futuro. Uma edição nasce com a vocação da continuidade. A primeira edição, em geral, é a apresentação do livro. Seu sucesso motivará novas edições. Aí sim torna-se bom negócio para autor e editora. Assim como o editor tem de trabalhar o livro do autor, o autor jamais pode boicotar o trabalho do editor. São direitos recíprocros, compromissos recíprocros. Autor também tem compromissos. E direito não é capricho, para nenhum dos lados. Não basta escrever bem, se o autor comporta-se como Macunaíma. O talento sozinho, sem a contrapartida da sensibilidade, não vale nada. Autor tem que ter caráter.
Eu sou uma editora antes de tudo autora. Conheço os dois papéis e quero refiná-los eticamente. Ninguém edita para o Cria Cuervos (provérbio espanhol, Não alimente os corvos, porque eles comerão seus olhos). Voltarei a falar sobre isto. Gosto de ver novos originais. Mas vou avisando, não edito nem recebo macunaímas, esta praga que vem ajudando na deterioração ética do nosso mercado editorial. Aguardem, irei traduzindo o que vou dizendo. O que inicialmente coloco é desafio para que outros escrevam sobre o assunto.
Agora um poema:
Stress
O martírio
nas condições de trabalho
E o vento
O vento levita as folhas
E o vento
Música
Brancas de papel
Qualquer devaneio
Mártires
Não se deixam morrer
E vivem quando morrem
E o vento
O vento levanta as folhas
de papel
sobre
O devaneio levanta a saia
Brancas sobre a mesa
(Ana Cândida Costa, do livro Elogio do Homem, Cortez Editora, 1990)
Eu sou uma editora antes de tudo autora. Conheço os dois papéis e quero refiná-los eticamente. Ninguém edita para o Cria Cuervos (provérbio espanhol, Não alimente os corvos, porque eles comerão seus olhos). Voltarei a falar sobre isto. Gosto de ver novos originais. Mas vou avisando, não edito nem recebo macunaímas, esta praga que vem ajudando na deterioração ética do nosso mercado editorial. Aguardem, irei traduzindo o que vou dizendo. O que inicialmente coloco é desafio para que outros escrevam sobre o assunto.
Agora um poema:
Stress
O martírio
nas condições de trabalho
E o vento
O vento levita as folhas
E o vento
Música
Brancas de papel
Qualquer devaneio
Mártires
Não se deixam morrer
E vivem quando morrem
E o vento
O vento levanta as folhas
de papel
sobre
O devaneio levanta a saia
Brancas sobre a mesa
(Ana Cândida Costa, do livro Elogio do Homem, Cortez Editora, 1990)