Saturday, October 24, 2009

Breakfast dos samaritanos Jejum de livros, com o noticiário

Breakfast dos samaritanos

Trevas na manhã
Travas na manhã

O rio barco caio no redemoinho
O diabo no redemoinho, encaro
demônios Ser engolido Ou voltar
à estrada À margem e plantas
que ocultam barrancos rudes
aos pés descalços Com essas
sandálias Matarei insetos

Notícias de assassínios Quem saiu
à rua Defronta-se A madrugada
é uma inimiga A arma sai do escuro
para o rosto Apaga-se a fisionomia
Por que fui preservada?

Comemos com essa notícia
O pão no café da manhã
Meu coração A compaixão

Pobre qual se rima em ão
Leio Folha e Estadão

Como pão Leio o Estadão

Tuesday, October 20, 2009

Sugestão de Pauta Compras governamentais de livros

Sugestão de pauta: Compras governamentais de livros





Quem são avaliadores (Eu estou lendo o "Libro de la vida", de Santa Teresa de Ávila, edição de Dámaso Chicarro, para a Catedra, Letras Hispánicas, que comprei na Livraria Duas Cidades, antes de ser fechada pelas adversidades que impedem as soluções mais comezinhas para o mundo do livro, em que paradoxocruelmente juízes poetas intelectuais aplicam leis iníquas, mas quero dizer que a livraria fechou mas a Editora Duas Cidades permanece com seu acervo e vive, e, neste livro, em uma das riquíssimas notas, fico sabendo do horror de Santa Teresa de Jesús ao que ela chama "letrados medios"). Serão os letrados medios os avaliadores nas compras governamentais, ou eles são maioria cujos votos prevalecem sobre o pequeno número dos verdadeiramente letrados, não no sentido restrito do letramento alfabetizador que ora se expande para o letramento cultural? Letrados, tento entender, são pessoas sábias, não meramente ilustradas, intelectuais de peso. No século XVI Teresa de Ávila nos alertou: ela buscava conselheiros letrados, confessores letrados, eu vejo que necessitamos de advogados letrados, juízes letrados, para que possamos ir além da cegueira média que impõe limitações absurdas. Avaliadores letrados. Não apenas técnicos, os hoje médios letrados que nos dão o tom em cargos públicos, salvo exceções. Médios letrados com sua arrogância gentil.





Isenção diante do selo que os publica





Virtudes do limite de inscrição por título, por que não alteram os vícios da concentração de escolhas em um único catálogo, isto contaminando por extensão até editoras pequenas, como ocorreu no PNBE-2010, Biblioteca da Escola?





Escolher livros e selecioná-los abrangendo uma mancha mais ampla de catálogos. Abarcar a bibliodiversidade.





Como a conquista da volta dos livros de catálogo após amplo clamor, como direito de todas as crianças lerem o livro com o projeto gráfico que o materializou e o valorizou como figuração estética nas livrarias e para o público em todos os lugares, ela nos criou o risco de o olhar do avaliador voltar-se para o selo da editora e não para o livro e seu autor? A concentração de títulos em poucas casas e em algumas casas pequenas tem revelado isso. Estamos vendo, mas o leite foi derramado. Não há contestação possível agora, mas alerta para a próxima vez.





Que a imprensa venha em socorro dos editores para aprimorarmos as escolhas governamentais de livros. Com a imprensa falando, ouvindo, refletindo é possível que haja ouvidos que escutam no MEC e tomem os cuidados para que a seleção governamental de títulos aconteça de outro modo mais salutar para todos os editores que inscreverem obras, sem concentração de títulos em alguns catálogos e selos mais óbvios para quem avalia.



E que o Ministério da Cultura tenha verba liberada para que possamos entregar o total das tiragens das obras escolhidas para seus excelentes programas de modernização das bibliotecas públicas, sem que editores fiquem esperando e se contentem com entregas "picadas". Precisamos de estímulo à produção. Essa "punição" da espera é para todos, sobretudo para os pequenos editores. Tiragens miúdas são inviáveis. E o ministro Juca Ferreira tem ciência de todos os problemas e é ativo em sua luta, percebemos por suas movimentações e palavras. Que a imprensa o ajude, nunca tirando os problemas do livro de sua pauta, indo mais fundo e muito longe em suas mais que necessárias matérias.



Hoje Quartim de Moraes voltou com seu artigo sobre mercado do livro na Segunda página do Estadão. Não adianta sermos uma nação alegrinha, precisamos renová-la. Bravo, Quartim!

Sunday, October 18, 2009

Ana Cândida Há muitas homônimas Sou Ana Candocha Opinião Própria

Ana Cândida, na web. Há muitas homônimas, com amigos no Sonico, etc. etc. Nenhum retrato sou eu. Minha cara não está na internet. O que está na internet é Ana Candocha Opinião Própria, sobretudo para falar de livros, mercado editorial, vícios e virtudes das compras governamentais de livros, ascos por apostilas calcadas em retalhos de livros, como já disse tudo o que se move dentro do ofício de selecionar, publicar e buscar a recepção de um livro pelo seu público e criar novos públicos. Sou adepta da chamada edição de criação, não de simplesmente fazer livros por demanda. Hoje qualquer um pode produzir sua autoedição. Não é tão fácil, pois editar é a arte da comunhão entre diversos profissionais ab ovo (desde a pré-concepção). Há muita coisa impressa por aí, são não-livros, sob que plataforma for. Não somente o livro de papel precisa de edição. Há escritores que também são editores, como Virginia Woolf e outros que conhecemos, alguém ao nosso lado que faz maravilhas.



Todas as homônimas não sou eu, portanto. Nunca irei namorar na web. Nem colocar meu perfil em chats de relacionamento. Não é o caso. Nem me apetece. Apetece-me a vida, a justiça e a crítica ao vício para que prevaleça a virtude social. Somos acossados dentro de nossas casas pelas espertezas do marketing de fachada para nos tirar os tesouros da boa existência para todos. Interessa-me o reino de Deus, que está dentro de nós. Proclamar a literatura, abolir a literatura pueril, falsa, e ampliar a literatura infantil, legítima. Ao desalento, contrapor talento.

Há gente que produz spam, pessoas que nos enchem as caixas da Quarentena com arapucas. Não abro. Não caio. Jogo fora com os vírus. Temo pela falta de cautela dos bons e indefesos. Eu sou um anjo com pele de demônio ou cordeiro com pele de lobo. Pois fico bem brava. Faço conjurações a essa gentalha como a demônios: Como podem criar tantos links maldosos, "Depósito feito", "Clique no link", após uma proposta atraente enganosa, ameaças, cantadas vulgares de mocinhas bestas e carinhas bobos, etc.? Fazem o Inferno para nós, mas eles cairão no fogo com a sua sanha e malandragem de desocupados cruéis.



Nome do meu blog: Ana Candocha Opinião Própria



Endereço do meu blog: http://www.anacandidacosta.blogspot.com/



Eu mesma não apareço nem mostrarei retrato. O que tenho sobre mim, falo de silêncio a silêncio.



Comento o difícil ofício de editora independente, nada romântico, pois prefiro ser uma escritora.

Mas disso vivo, disso gosto sim: ser editora e estar no mundo com os editores independentes, que hoje levantam sua voz no mundo inteiro. Eu tenho um blog para esta bandeira: levantar a voz do editor, deles (meus pares universais) e minha.


Ana Cândida, outras na web, são apenas homônimas e seus mundos com retratos ou sem retratos. Com todo respeito a elas, não sou elas. Mas elas me deram a humildade de saber que não sou tão única com este nome, combinação de dois nomes não tão rara.

Saturday, October 17, 2009

Quitanda do Chaves: Fragmentos da Memória: Vagas lembranças...

Notícias de Frankfurt, Fernanda Montenegro, Barack Obama

Acompanhamos a feira pelos enviados especiais, Ubiratan Brasil (Estadão), Marcos Strecker ((Folha). A notícia que abriga as notícias é que a maior feira de livros de todas, famosa em todo o mundo, é que esta é uma edição econômica. Mas as fotos que ilustram a matéria mostram que não deixou de ser bela. "Funcionária ajeita ´parede´de livros na Feira de Frankfurt, é legenda da Ilustrada para uma inusitada foto de Michael Probst/ Associated Press. Fiquei olhando encantada, gosto de ver retratos, numa extensão semântica para designar qualquer fotografia. Parede de livros, uma parede de livros é o que deve existir em cada casa. Essas paredes disseminadas criarão público para as editoras, compostas por bons livros em todas as suas plataformas: em papel e as digitais, ou mistas, um livro digital pode estar casado com um livro de papel, para que seu leitor deguste os dois meios. Uma parede de livros significa a biblioteca doméstica, tomada por uma estante cheia. Livros são boa companhia, há aqueles que nunca serão descartáveis. Os não-livros são descartáveis.

Vou citar Gilles Lapouge na mesma página do Caderno 2 deste sábado, no seu artigo "Chineses à parte, feira é de dois gigantes americanos -- Google e Amazon dominam o maior combate cultural de hoje": "...Sem que se possa culpar a internet, o hábito da leitura está regredindo. Na França, a ´não-leitura´ é generalizada. Mesmo entre os 'quadros superiores' , as pessoas que nunca leem nada são cada vez mais numerosas. Além disso, elas leem cada vez menos romances e literatura, e cada vez mais 'não-livros' (manuais, livros ilustrados...).

Entendo que a 'não leitura' é a proliferação do descartável. Do meramente descartável. Daquilo que tem prazo de validade e não é feito para crescer e viver conosco. Mas só para vender, vender depressa (aqui faço uma remissão ao poema 'Com usura', de Ezra Pound, na tradução de Augusto e Haroldo de Campos. Descartável também, não-leitura ou não livro, é certa literatura infantil que se apossa do nome e somente pode ser taxada literatura pueril. Há muito não-livro nas escolhas governamentais de livro, porque nos habituamos à não-leitura. Deixamos passar o diamante e levamos para casa o cascalho. Cobro mais uma vez com a sugestão de pauta: O modismo nas escolhas governamentais de livros. Quando passaremos à leitura, saindo do engessamento? Uma nova sugestão ao FNDE: que mandemos os livros destinados ao ensino fundamental, sem classificações intermediárias e os acervos sejam tirados do melhor que enviamos, porque podemos erroneamente inscrever num módulo o que caberia melhor em outro.

Ubiratan Brasil entrevistou Saramago, de quem gosto e discordo no tocante à Igreja Católica. Quer queiramos ou não, como disse João Ubaldo Ribeiro, nós, os deste lado do mundo, a grande maioria, somos culturalmente católicos. Entre todos os pecados da Igreja, como não admirar Cristo em toda a sua glória presente nas manifestações artísticas admiráveis no Vaticano e em todas as catedrais e bibliotecas monásticas? Isto é mais que patrimônio de uma religião, mas de toda a humanidade. O mesmo prazer estético nos lega as crenças orientais. Deus está dentro do homem, como presença mais do que como invenção.

Ubiratan Brasil participou da coletiva com os Prêmios Nobel, e também anotou respostas de Herta Müller, Nobel de 2009, uma delas destaco: "Para enfrentar o sofrimento, um dos caminhos encontrados é transformar a fome em um companheiro, porque está sempre presente." Entendi o drama humano desta declaração, mas acrescento a fome de boa leitura, que são as verdadeiras obras literárias, deve ser sempre nossa companheira e sempre ser saciada com a boa literatura. Ainda não foi abolido o Prêmio Nobel de Literatura. Pois que conquistemos novos públicos para a escrita literária, a leitura sobrepujar a não-leitura vigente por pragmatismo carreirista.

Viagem no feriado, dia santo de Nossa Senhora Aparecida, feriadão no Brasil, fui visitar minha mãe em Minas. Lá, há livros sobre as mesas. Havia um livro de Barack Obama, publicado pela Editora Gente, e eu o li inteiro. Era o relato autobiográfico de Obama, desde seus tempos de menino, passando pela sua iniciação como organizador popular em Chicago e o relato de sua viagem à África de sua metade de origem. Pude ouvir Obama, e ter uma visão mais adequada da África. Antes da viagem ao abril a página do UOL, deparei-me com a notícia: Barack Obama recebe o Prêmio Nobel da Paz. Estou celebrando. Torço por Obama e sei que sua luta tem como palco a boca do monstro. Ele precisa da perseverança de todos os nossos apoios. Ele não é um chefe mercenário. Agradeceu o prêmio com modéstia, sem falsa humildade.

Fernanda Montenegro faz 80 anos. A matéria sobre ela no Caderno 2 lhe faz justiça. É uma unanimidade nacional. A unanimidade só não é burra quando estamos diante da integridade. Reconhecimento a Fernanda Montenegro, atriz.

Friday, October 16, 2009

Sugestão de pauta: Mais Bibliotecas, menos pedagoteca

Eu cometo generalizações para "pegar" os vícios. O mercado do livro é um trigal. Abafado pelo joio. Não se consegue queimar o joio antes de arrancá-lo, separá-lo do trigo. Acontece que arrancamos o trigo e deixamos o joio . É o estrago que fazem quando não se sabe distinguir entre a planta e o invasor. Entre o poeta e o impostor. Melhor, entre a poesia e a impostura. Entre o apetite animal e a ceia compartilhada.

Na economia, concentração de riqueza. Na escolha de acervos, concentração de títulos de poucos catálogos. Não se enxerga o vício que faz minguar o pão da bibliodiversidade, que é o trigo para os bons livros, a melhor biblioteca.

Só nos resta clamar e aguardar a volta do eco ao grito no trigal, vamos todos fazer uma longa reflexão sobre as escolhas governamentais de livros. A imprensa noticiou os casos sensacionalistas e os erros burocrátcos, que tinham a ver com a olhada superficial dos avaliadores, valia o gênero, não os textos, talvez nem lidos. Abomino censura, mas o gosto estético tem de ser resgatado, sem moralismos. Ética é mais fundo, é par com a estética.

O FNDE tem de conversar de novo com os editores. Ouvi-los. A imprensa que já nos ajudou em momento anterior nesse aprimoramento, dentro dos Cadernos de Cultura, precisa abrir maior espaço para este fato, no momento em que o FNDE divulga sua escolha de acervo para o PNBE-2010. Faz-se urgente uma ampla reflexão, sobretudo sobre "avaliadores" de livros (perdão, bons e sensíveis avaliadores, preciso da generalização para apontar o joio ao capinador), na verdade profissionais de adesão ao comodamente à vista imediata.

Eu não reivindico para mim privilégios. Reivindico um acervo estendido capaz de contemplar as jóias do maior número de catálogos. Aprecio o que fazem meus pares e eu não sei fazer, repito, sei fazer diferente o que eles também apreciam, é a diversidade saudável dos muitos bons catálogos. (Preciso deixar claro, sou editora contemplada em vários acervos, mesmo contemplada entrei em todas as discussões públicas sobre as vendas governamentais de livros, pelo compromisso coletivo e pela bibliodiversidade a ser aplicada aos acervos. Somente fiquei pasma, em um caso que faço dele um teste pessoal, pela cegueira dos avaliadores federais e estaduais, diante de um conto de Kipling para crianças e que alimenta o prazer estético dos adultos, "O Elefante Infante", a mais primorosa das histórias, um livro que vale por mil livros infantis dos descartáveis. Os avaliadores municipais enxergaram, em Belo Horizonte e na Praia Grande, para fazer justiça no plano Federal, os avaliadores do Mais Cultura, do MinC/Biblioteca Nacional, também o enxergaram).

Esta é uma sugestão de pauta para todos os jornais e revistas, sobretudo para o Estadão que já fez bonito nesse aprimoramento das compras governamentais de livros.

A Libre baixou a guarda nesse assunto. Eu sou da Libre e não saí. Espero que voltemos ao combate público, do qual temos nos afastado mais por acomodação do que por cautela. Apesar dos falsos cuidados corporativos, não podemos nos calar, dentro de todas as virtudes do PNBE (é um programa virtuoso), sobre este atentado à diversidade dos acervos de livros, que é a concentração de escolhas nas mesmas máquinas, editoras grandes ou pequenas. Hoje, as editoras são geralmente máquinas, a serviço curricular acadêmico ou montando edições às pressas para atender às demandas das compras governamentais. A literatura é atropelada pela pedagoteca, pois respeito a Pedagogia, cultura e educação compartilhadas.

Vendo uma entrevista do João Moreira Salles, no programa Sempre Um Papo, ele falava da produção de uma reportagem na revista Piauí, sem pressa, no tempo que fosse necessário.

Esta é minha opção para o livro: Fazer um livro no tempo que o livro pedir. Depois mostrá-lo para o público, poder colocá-lo, sem compromisso, diante dos olhos dos avaliadores governamentais e eles enxergarem, independentemente do selo da editora, do lobby explícito ou disfarçado. Um selo é uma assinatura, uma grife, mas a avaliação deve ser para o livro.

Sugestão de pauta, sobretudo ao Estadão, Folha, O Globo e Jornal do Brasil, nos seus cadernos de cultura, fazer uma grande matéria reflexiva, não apressada, sobre as escolhas governamentais de livros. Quem são os avaliadores, sensíveis e insensíveis, o coração mediano ou o coração que bate pela excelência, apregoando a eterna frase de Caetano Veloso: Luxo para todos?

Mais bibliotecas, menos pedagoteca!

Wednesday, October 14, 2009

Sugestão de pauta Escolhas governamentais de livros

PNBE-2010, outros programas de livros, em geral deixam essa impressão: parece que as escolhas recaem sobre as editoras não sobre os livros. Não tem sentido essa concentração de títulos, o fenômeno está atingindo algumas pequenas editoras, cuja primeira vocação era bem outra. Em detrimento do grupo.

Baixamos a guarda, esta questão da universalidade, da diversidade, da democratização de acervos tem de ser sempre levantada. O princípio da isonomia é toda vida atropelado pelos avaliadores. Muitos conhecem algumas editoras, avaliam pelos selos. Não enxergam a bibliodiversidade. O imenso universo dos bons livros.

Eu sou admiradora de meus pares, admiro aquilo que não sei fazer. Gosto do sortimento dos bons livros. As edições de criação, não de oportunismo.

Por isso está errado: por que sacrificar o sortimento de títulos para acumular escolhas em catálogos montados apenas para concorrer, não exatamente vocação da casa, como são lídima vocação os casos das editoras que nasceram voltadas para a literatura, a palavra artística e são preteridas, na maioria, porque houve concentração em poucas máquinas?

Recapitulando: Parece que escolhem editoras, não livros. E a concentração de títulos em uma só máquina, grande ou pequena, sabota a universalização, a diversidade e a democratização dos catálogos.

Lobby dos mais espertos, por editoras grandes ou pequenas? Visão obtusa ou cegueira por parte dos avaliadores que não percebem haver selos ou livros além do óbvio? O sortimento, buscá-lo em todos os catálogos, as jóias.

13 de outubro Sai o resultado do PNBE-2010

Sai, no dia 13 de outubro, sétimo aniversário da morte de meu pai, Roberto Musa da Costa, o resultado do PNBE-2010, o melhor estruturado programa de distribuição de livros para a Biblioteca da Escola no Brasil. Modelo virtuoso que será passado a estados e municípios brasileiros, após reunião em Brasília numa aliança supraministerial, envolvendo as pessoas comprometidas com a ampliação da leitura e acesso ao livro no Brasil. Todos querem virar livro de papel, embora anunciemos a presença do livro eletrônico, que conviverá com o livro de papel, mas não o desbancará. No Brasil, nem chegamos ao acesso ao livro de papel. Nem ao desejo de se ter uma estante em casa para abrigar livros, ao lado de estatuetas e outras quinquilharias. O livro no espaço doméstico ou na cesta básica, estamos ainda longe disso. Voltemos ao PNBE-2010.

250 títulos selecionados. A virtude do programa ainda está permeada pelo vício da concentração de muitos títulos em uma só editora, ia dizendo casa editora, mas nem todas as editoras são casas editoras. São fábricas ao gosto do freguês. Atendem à indústria curricular acadêmica com edições em penca, não dando conta, outros centros de publicações apressadas se abrem. Editar livros não se faz por linha de montagem. Cada vez mais digo não à pressa, cada vez mais quero ser casa editora, fazer o livro no tempo que o livro pedir.

250 título selecionados e o vício da concentração agora paira também entre as editoras pequenas, sabotando a diversidade e a universalidade que certa vez, na Libre, reivindicamos para o programa. Não sabemos quem são os avaliadores que não se dão conta (há os selos visíveis) dessa concentração. Parece que editoras são escolhidas ou acolhidas, não livros. Salvo exceções, naturalmente.

Que a virtude do PNBE-2010 como programa não seja sabotada pelo modismo das escolhas e pelo comprometimento de avaliadores por casas que os editam, que a literatura não seja substituída pelo pedagogismo e pelo sentimentalismo piegas das narrativas fáceis e dos pseudopoemas alegrinhos. Há exceções, istorepito, mas os melhores livros de todos os catálogos de todas as editoras, grandes e pequenas, associadas e não associadas, não podem ser atropelados pelo mediano e pelos modismos temáticos e de gênero sem atenção ao conteúdo artístico e literário. A literatura e arte têm de ser regra, não exceção nas escolhas para esses bons programas. Produzir livros em penca para programas governamentais apenas confunde, quem será capaz de garimpar no areal a gema preciosa, quem recolherá do pedregulho cada diamante literário, que passa longe de escrevinhações descartáveis? A literatura não é uma imensa pedagogia, ou melhor, um imenso pedagogismo.

Meu Deus, quando se tocará com o bom livro o coração médio dos avaliadores? Há exceções, mas a média é média, mediana. Tocar com o bom livro o coração médio do público médio, este deve ser nosso talento de editores independentes, ou não. Cultura de volta à Educação, um dos lemas da Musa, ele vale tanto quanto o outro lema: Livros como seres vivos.

Estou despeitada, sim, brava, sim, particularmente brava: não sei como os avaliadores do Mec não conseguiram ver este livro essencial para as crianças, que a Musa teve a felicidade de editar: "O Elefante Infante", de Rudyard Kipling, Prêmio Nobel de 1907, apesar de Saramago, outro Prêmio Nobel ter publicado no ano passado "A viagem do elefante". Ninguém vê o "meu" elefante, Drummond viu o seu elefante. Será que de tanto falar, caí numa lista negra? Virei persona não grata ao escrever "blasfêmias" neste blog, que escrevo para 0 comments, mas há leitores, pois me escrevem? O Ministério da Cultura, por meio de seus sensíveis avaliadores, viu e soube apreciar o meu Elefante Infante de Kipling, escrito em artística linguagem clara, para Josephine, sua filha de 8 anos, e para todas as crianças do mundo que a cada ano fazem 8 anos, livro ao gosto dos adultos também. Mas adultos com muita sensibilidade.Tenho a esperança morta, mas não desisto. Não desisto também de pensar no coletivo, porque a concentração de títulos mesmo em editoras pequenas denota patologia, um vício prejudicial à bibliodiversidade.

Posso ser castigada, mas não posso deixar de dizer o que tenho a dizer sobre virtudes e vícios de programas do livro. Que a imprensa nos ajude a estirpar os vícios. Como já nos ajudou. Mas baixamos a guarda e a concentração persiste, o modismo atrai mais que a literatura essencial.

Thursday, October 01, 2009

Editoras Independentes na Bienal do Livro de São Paulo 2010

Reproduzo a boa notícia que acabo de receber, como associada da LIBRE -- Liga Brasileira de Editoras , o comunicado oficial de reserva de estande coletivo na Bienal do Livro de São Paulo 2010, quando acaba de tomar posse a arrojada nova diretoria, apoiada por seus valentes associados, que vêm mudando a face do mercado do livro em termos de democratização, universalização e diversidade de títulos (bibliodiversidade), a valorização dos longsellers, além da fugacidade dos megasellers e dos bestsellers, necessários à sobrevivência dos livreiros, mas limitadores para a ampliação de um público leitor de qualidade. A Musa Editora estará presente, ao lado de quase uma centena de editoras independentes, neste espaço ora anunciado. Bravo!, todos, em especial Bravo!, para quem exerce a liderança, os estimuladores e empreendedores. Bravo!, Cristina Warth, a presidente da Libre.

1/10/2009

Editoras Independentes na 21ª Bienal do Livro de São Paulo

Libre decide voltar à BienalEditores independentes preparam estande coletivo para o evento do ano que vemA Libre-Liga Brasileira de Editoras decidiu participar da 21ª Bienal Internacional do Livro, com estande coletivo que, até o momento, já conta com cerca de 90 expositores confirmados. A última vez em que a entidade dos editores independentes esteve no evento, de forma compartilhada, foi em 2003. Mas consulta aos seus 109 associados, feita este mês, deu maioria de votos a favor da volta institucional da Libre ao circuito das Bienais, promovidas pela Câmara Brasileira do Livro. "É uma oportunidade de estar junto de parceiros, editores e distribuidores de várias partes do país, e muito importante para a visibilidade da produção editorial independente", justifica Cristina Warth (Pallas), presidente da Libre.A 21ª Bienal Internacional do Livro está programada para 12 a 22 de agosto de 2010, no Anhembi, em São Paulo. Inicialmente, a Libre reservou área total de 400 metros quadrados, devendo figurar entre as âncoras da feira. O próximo passo, segundo Cristina, é a formação de um grupo de trabalho que vai negociar e estruturar a participação coletiva. A entidade integrou as Bienais de 2003 e 2005, no Rio de Janeiro. Na primeira, no modelo compartilhado, e, na segunda, com estandes individuais. Em 2004, vários editores (em espaços separados, mas próximos) foram à Bienal em São Paulo. Mas em 2006, não foi possível repetir a experiência devido à dificuldade de acertar uma boa localização para os expositores.No discurso de lançamento do evento, ontem (30 de setembro) na capital paulista, a presidente da CBL, Rosely Boschini, definiu seus três eixos principais: "o desenvolvimento do negócio do livro em todos os segmentos da cadeia produtiva; mobilização política capaz de garantir voz e peso institucional ao setor; e amplo apoio aos associados". A próxima edição da Bienal terá novo parceiro de produção - a Reed Exhibitions Alcântara Machado - e formato final definido com apoio da comissão "Repensando a Bienal", formada por profissionais do setor.
Rua Capitão Macedo, 166 / sala 4 - Vila Clementino - Fone: (11) 5084.8202 - Cep 04021-020 - São Paulo - SP
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