Tuesday, June 26, 2007

Pequenos editores: "Não somos coitadinhos"

Editoras independentes, sim. Movimento no mundo inteiro. Mesmo que nos matem. Ninguém fala nada? A imprensa precisa falar mais. A imprensa fala pouco. Precisa ir mais fundo. Aí virá pesca milagrosa. O fenômeno das pequenas grandes editoras independentes no mundo inteiro.
Todos temos para contar. Enquanto gerentes são treinados para vender, cumprir metas, preservar seus empregos, mas jamais ouvir o cliente, dissipam bons negócios. Deixam de receber. Impedem o pagamento. Há exceções. E eu quero glorificar hoje, o Sr. Gilberto, do Banco do Brasil. Com sua solução construtiva diante de um cliente da Musa. Dou graças. Deo gratias.

Vamos a Manaus, no encontro promovido pelo FNDE-MEC com todos os editores. Lá estávamos nós, da LIBRE, os editores independentes, representados pela Ione, que nos enviou este abaixo relatório. Eu lhe pedi ontem licença para colocá-lo no meu blog. Ela não se manifestou. Mas tenho de colocá-lo, para que todos saibam, a imprensa venha a falar direito sobre o fenômeno mundial dos pequenos grandes editores independentes. Já no século XVI, Santa Teresa de Ávila afirmou que a "humildade é a verdade", nada de "falsa humildade", expressão dela também, por isso proclamo meu orgulho positivo de a Musa ser entre editoras independentes uma editora independente. Só não gosto do "companheiros", prefiro o libreiros da Mary Lou, vice-presidente da Libre.

"Caros libreiros
Não deixem de ler o pequeno relato que está embaixo, feito pela Ione, sobre a participação da Libre em Manaus, onde ela nos representou. Vale a pena!Abraços em todos e parabéns e obrigada á Ione!Lou

Companheiros,
Manaus foi muito bom para a Libre. Enquanto a Abrelivros, a Abrale e a CBL faziam propaganda das respectivas entidades, criticando nas entrelinhas o FNDE por não serem chamados para influir nos editais - o que deixava transparecer muita raiva pela suposta "exclusão" -, a Libre agradeceu novamente pela "postura" democrática e pela transparência do FNDE no PNBE. É claro que falamos sobre a Libre, contando a história de seu nascimento e de sua consolidação, mas fui muito veemente ao afirmar que a representatividade de uma entidade não se mede apenas pelo número de representados. Mede-se muito mais a representatividade pelas ações concretas propostas pela entidade em prol, a curto prazo, de seus associados; a médio, em prol de um grupo mais abrangente: os leitores, educadores - bibliotecários e professores _ a quem nossas propostas editoriais e nossos livros se destinam e, a longo prazo, a favor da cultura nacional. Desse mote foi muito fácil provar que a Libre teve sua representatividade reconhecida no FNDE, pois fomos recebidos para discutir o antigo formato do programa, fomos ouvidos e TAMBÉM POR CAUSA DE NOSSAS LUTAS, o formato mudou, democratizando a escolha. Também estava claro na fala da Libre que não nos considerávamos "coitadinhos" por sermos menores do que os outros; ao contrário, somos valentes porque conquistamos no mercado um jeito independente de escolher nossos títulos, de colocar nossos livros no mercado e de lutar pela democratização nos programas governamentais. Nosso objetivo não é ser tutelado pelo Governo, não é obter proteção e paternalismo: pedíamos apenas a garantia da democracia e transparência...Bem, a Libre foi muito aplaudida. O pessoal do FNDE agradeceu muito que tivéssemos aceitado o convite e deu mostras de nos convidar nos próximos encontros. Muita, muita gente veio conversar comigo depois da "palestra". Todos tinham o mesmo discurso: continuem na luta, não desistam, torcemos por vocês... Havia no auditório em torno de 300 gestores de ensino (diretores, coordenadores, professores) do Brasil inteiro. As bambambãs do IPT ficaram minhas "amigas íntimas".O evento se chamou - Programas do Livro - 11º Encontro Técnico Nacional - FNDE/MEC. Viajei dia 29 de maio, falei dia 30 e voltei no dia 31.Enfim, assim a LIBRE foi representada em Manaus. Foi uma experiência muito compensadora para nossa entidade. Voltei com a certeza de que a Libre é mesmo o nosso caminho.Abraços,Ione

Musa EditoraRua Cardoso de Almeida, 98505013-001 São Paulo, SP 11 3862-2586 3871-5580www.musaeditora.com.br www.musaambulante.com.brwww.anacandidacosta.blogspot.com.br

Sunday, June 24, 2007

Tanto o que falar

Tanto o que falar. Vamos deixando de dizer. Mas isto insiste. Não trabalharei mais sob pressão. Não quero ter editora para ser torturada. Escolher o que editar. Preciso de trégua. Tempo para escolher. Programar. Todos os editores precisamos de recursos para programar. Grandes recursos.

A ironia. Livros não se vendem. Livros se pedem. Li no blog do Galeno sobre a existência de um projeto no Congresso Nacional criado para conclamar os órgãos representativos das Editoras de Livros para que nos incitem a abastecer as bibliotecas defasadas das universidades públicas com doações de livros.

Era só o que faltava. Editoras e livrarias estão morrendo, por falta de políticas públicas que façam justiça à cadeia de produção e divulgação do livro, que envolve autores, editores, gráficos, distribuidores, livreiros, revisores, ilustradores e público que quer livros bons.

As bibliotecas precisam ser abastecidas com compras de livros. Não podemos dar nossos livros.
Queremos vender nossos livros. Comprar livros, o consumo necessário.

Quem acha que a imprensa fala muito, está enganado. A imprensa tem de falar mais. A imprensa não está falando nada. Não é normal uma livraria morrer. É um sintoma. Muitas livrarias estão morrendo. Ninguém fala nada?

Grandes redes estão se expandindo. Nem todas a favor do livro. A Cultura é o exemplo universal de respeito ao livro e aos editores. Compra livros. A Saraiva avança no bom caminho. E dá boas mostras que aplaudimos. Há outra grande rede que acena para o retorno ao bom caminho. Mas seu comprador que subiu nas tamancas, e seus chefes não imaginam tamanho arrogar-se, recusa-se a receber a Musa, que vendia para esta grande rede francesa, mas o comprador se ofendeu com minha ponderação para prestigiar mais do que os 30 mais vendidos nas listas de sucesso, convocando-o ao sortimento de estoque numa tenda montada em Campos do Jordão. Um armazém bem sortido de livros. Ele não entendeu. Ofendeu-se há três anos e está boicotando a Musa com todas as desculpas possíveis. Estou aguardando que Kipling entre na ala dos infantis, com "O Elefante Infante". Só faltava a arrogância desse comprador que subiu nas tamancas querer impedir a compradora da área de literatura infantil passar o pedido à Musa.
Os franceses precisam saber. Precisam saber também que dessa implicância do seu comprador com a Musa nasceu o projeto A Musa Ambulante: livros ao encontro do leitor" (www.musaambulante.com.br), que está precisando de patrocínio para avançar como deve. Eu não sei pedir patrocínio. Quem sabe alguém se habilita? Uma Fiat ou Wolkswagen, ou a Renault, ou Piegeot, quem quer que seja da indústria automobilística.

Livros para serem comprados. Como o pão nosso de cada dia, com o pão nosso, nos dai hoje, livros, livros a mancheias e manda o povo pensar.